Meu destino desfocado

Meu destino desfocado
América Latina

domingo, 13 de março de 2011

O Céu


Qual foi a última vez que você se deitou ao ar livre numa noite clara e ficou observando as estrelas?
No final da tarde de ontem eu saí pra correr por La Pedrera. Era um plano que eu já tinha antes de vir (correr, não especificamente em La Pedrera), e por isso tinha tênis, top, camiseta e shorts apropriados.
 O pôr do sol aqui é depois das 8, e por volta desse horário saí. Para minha grande alegria, pela primeira vez desde que cheguei no Uruguai, eu vi algo que pra mim é de extrema importância. Importante por ter estado imponentemente presente em momentos memoráveis da minha vida, ou simplesmente por ser linda de se admirar. Ontem foi a primeira noite em que vi a lua.
Eu já estava começando a achar que no Uruguai não havia, simplesmente, lua alguma. Sei que isso é impossível, mas se eu acreditar apenas naquilo que vejo... Bom, eu não acreditaria na lua uruguaia.
Mas ontem ela estava lá, timidamente presente, quase que só num filetinho meia-lua (ou ¼ de lua).
A corrida foi mais bem sucedida que eu imaginava. Estou sem correr há um ano e tanto, e minha forma física desde então mudou consideravelmente. No entanto, consegui trotar rápido por dez minutos. Complementei com caminhada rápida e abdominais e pronto: cumpri meus autoprometidos trinta minutos de exercício.
Mas hoje eu não sou a protagonista do meu relato. O céu o é.
Saímos, eu e os dois rapazes que restaram na casa, para comer. Fomos até um albergue onde estava uma conhecida nossa, andamos pela Principal por um tempo para ver o que rolava e nos deparamos com hippies tocando tambores em volta de uma fogueira, e garotas dançando ao ritmo típico daqui. Não ficamos assistindo por muito tempo devido à fome depois fomos ao mesmo restaurante aonde tínhamos ido comer pizza na primeira noite.
Depois de satisfeitos caminhamos a Principal até a praia. Descemos a parte onde a areia circunda as rochas que deitam ali, estrategicamente colocadas pra fazer daquele lugar cena digna de inspiração.
Chegamos à areia auxiliados pela lanterna do celular, já que aquela parte carecia de iluminação, de certo para não apagar a luz das estrelas.
Fechei os olhos para apurar o som do mar. Algumas respirações profundas como que para inalar aquela sensação, mas tive que abrir meus olhos. Sobre minha cabeça um manto estrelado. Estrelas brilhando com vontade, outras com menos. Agrupadas criando constelações que desconheço e ainda assim admiro. E a Via Láctea!
Como é possível que eu nunca tenha reparado na Via Láctea? Tá, concordamos que enquanto residente de São Paulo, eu praticamente podia contar as estrelas com os dedos. Mas eu já estive em lugares menos poluídos e com menos luzes, e nunca – nunquinha- vi a via Láctea. Você já viu?
Então deitei na areia e fiquei contemplando a luz do céu. Vi duas estrelas cadentes –o mesmo pedido pras duas, só pra reforçar- , e fiquei refletindo sobre a vida. Pensando nos meus com alegria, pensando em mim com tranqüilidade. Fiquei como que meia hora deitada na areia, respirando aquela calma.
As estrelas me fizeram pensar no Universo, e eu reforcei minha suspeita de que tudo é possível.
Olhem mais pro céu.

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