Meu destino desfocado

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América Latina

quarta-feira, 9 de março de 2011

O carnaval de La Pedrera


 Dia 13
La Pedrera
Pronta pro carnaval


Eram 4 da tarde quando fui ao mercado perto de casa comprar ingredientes para minha janta.
Fila para entrar no mercado que fica no início da rua Principal. Olho ao meu redor e vejo uma massa de gente fantasiada chegando a La Pedrera.
Baldes de água, bambuchas e espuma sendo atirados por todos os lados, em todos.
As batalhas líquidas duraram de sexta a terça. Na rua principal, crianças, adolescentes e adultos andavam munidos de bambuchas, inicialmente, que eram lançadas nos transeuntes que andavam em direção à praia- ou voltando dela, ou indo ao supermercado, ou simplesmente passando. A rua principal de La Pedrera tinha, nesses dias,  pontos ensopados. Mas agora era toda água.
Por sorte o mercado fica praticamente atrás de casa. Indo pelo mato não tinha perigo de ser atingida pela água. Depois de alguns minutos de fila para entrar no mercado, fiz minhas compras e voltei seca para casa.
Em casa a movimentação também já havia começado. Não havia água para banho (La Pedrera não tem estrutura para suportar a quantidade de turistas- e ainda por cima bambucheiros- que vêm para o carnaval), e a areia de nosso corpo foi tirada com muito esforço pela mangueira do quintal (ou pelos baldes de água na rua, aos que foram atingidos). De qualquer maneira, o pessoal daqui de casa já estava se emperucando, maquiando, travestindo, etc. Eu, que  não tinha nem pensado em me fantasiar (e mesmo se tivesse pensado, no Zeca não haveria espaço para tal luxo), peguei emprestado de Pati um cocar de índio, fiz umas transas e pronto.
Cerca de meia noite saímos de casa rumo a uma cidade com gente por todos os lados. Praticamente todos estavam fantasiados. Algumas fantasias óbvias, como coelhinha, gatinha, pirata, marinheiro, homens de mulher e o contrário, mas algumas realmente geniais, como um cara com as tripas saindo da barriga, ou meninas vestidas de mural (com post-its pendurados na roupa). Grupos de amigos todos com a mesma fantasia (meninos de cheerleader ou bailarina, egípcios, escolares (o uniforme escolar aqui é muito engraçado) mostravam o quão aguardado é o carnaval daqui.
Saímos em um grupo grande, e era evidente que não nos manteríamos juntos por muito tempo. O esquema foi o mesmo das outras noites: música na rua, todos dançando e bebendo. Só que agora todos fantasiados, e uma atmosfera leve, de festa e alegria.
Fiquei um tempo com o pessoal, mas depois alguns queriam entrar no boliche (balada), e eu quis ficar na rua. Encontrei a espanhola que já tinha se perdido do grupo e ficamos dançando em frente a uma barraca que tocava cumbia e outros ritmos latinos. Depois Jacob, o homem-batata, se juntou a nós, e ficamos durante algum tempo ali. A quantidade de gente amontoada e meu cansaço me fizeram voltar pra casa as 4, e pra minha surpresa 6 das meninas também já tinham voltado, pelos mesmos motivos. Quando voltamos já havia água, o que foi providencial para tirarmos todo o barro dos nossos pés e o cheiro de bebida dos nossos corpos e roupas.
Tomei um dos melhores banhos da minha vida e fui dormir.

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