Se alguém perguntar por mim diz que fui por aí: Chegada a Montevidéu (anjos me protegem)

Dia 15
Montevidéu
Re bien!!!

Desde que cheguei a Montevidéu não postei nada, mas, como boa filha, mantive meus pais atualizados sobre mim.
Como estou?? Super bem!
Cheguei a Montevidéu na quinta pela noite. Dois dias antes de vir eu ainda não tinha hospedagem. Antes mesmo de sair do Brasil eu havia mandado mensagem para um rapaz do CS pedindo hospedagem. G. me respondeu que não sabia ainda se estaria em Montevidéu e mantivemos contato. De La Pedrera liguei para ele (God bless skype!), e disse que também estava na praia e que ainda não sabia quando voltaria à capital. Mas de pronto me disse que eu poderia ficar na casa de um amigo seu de infância, que não é do couchsurfing. Eu aceitei. Ele ficou de confirmar com o amigo, e eu ligaria mais tarde.
Depois de desligar o telefone pensei por que motivo eu tinha aceitado aquela proposta sem pensar duas vezes. Verdadeiramente não foi por falta de dinheiro. Eu também tinha a possibilidade de pedir hospedagem a outra pessoa. Na casa onde eu estava todos moravam em Montevidéu, mas nem todos eram do CS e quem era não tinha couch disponível. Ao voltar pra casa M. me perguntou se eu já tinha hospedagem, e logo ligou pra seu amigo, CS ativo, pedindo hospedagem pra mim. Estava disponível, aceitou na hora. No entanto, falei com G. antes de confirmar com o outro. Ele disse que estava confirmado e eu confirmei com ele.
Depois de um tempo comecei a pensar que ter aceitado ir pra casa de um estranho poderia ter sido loucura (mesmo pra mim). O que aconteceu foi que G. (que fala português fluente,com sotaque de nordestino) foi tão bondoso e natural ao fazer a oferta, que parecia que nós nos conhecíamos a muito tempo. Resolvi seguir minha intuição e vim.
Peguei o ônibus com W. e às 8:30 da noite cheguei no Terminal Tres Cruces. O rapaz que iria me hospedar, Pablo, ligou no celular de W., perguntando se eu já estava chegando e quantos iriam pra casa dele. . Sozinha, tomei um taxi e desci em frente ao prédio de P.
Descemos do taxi (eu e Zeca, apenas) e a nosso encontro veio um rapaz lindo, com rosto e cabelo de anjo, olhos claros e barba rala, e disse: "Julia?" (com jota português). Percebi que estaria bem. Nenhum assassino ou estuprador teria aquela "mirada ebria de palabras y poesia" (ouvir música)

Me ajudou com a bagagem e ao entrar em seu apartamento (super bem localizado), estavam na sala uma mulher e dois homens, todos na faixa de seus 40-50 anos. A mulher pensei que fosse sua mãe. Não imaginei que nenhum dos homens fossem seu pai, pois ambos são negros zulu. Nos apresentamos e comecei a ouvir uma língua que aqui ainda não tinha ouvido: francês.
Um dos homens, E., mora com Pablito. É do Congo e trabalha como professor de danças africanas. A mulher, A., é francesa, amiga de anos de E., residente em Paris, e de férias em Montevidéu, hospedada aqui também. O outro homem, A., é amigo dos dois.
Conversamos um pouco e logo a janta foi servida: mesa pra cinco (por isso P. ligara perguntando se eu ia acompanhada).
Depois de um jantar delicioso que A. preparara, ficamos conversando. P. foi dormir, já que trabalhava na sexta, e eu resolvi ir ao encontro semanal do couchsurfing daqui, onde algumas pessoas que estavam em La Pedrera estariam. Isso me foi possível porque me deram uma chave de casa.
Fui ao encontro do CS, mas cheguei depois da 1 da manhã, então todos já conversavam em grupos, sentados numa única mesa. Conversei com W. e J., alemães que estavam na mesma casa que eu em La Pedrera, mas conheci apenas mais 3 pessoas.
Os alemães me chamaram pra ir a um outro bar, juntamente com mais duas meninas daqui, e fomos. Depois do segundo bar fomos ainda a uma baladinha, mas Montevidéu não tem muitas opções de quintas feiras. Estava cansada e às 3:30 peguei um taxi pra voltar pra casa (paguei menos que 4 reais no taxi, pois não sabia que a balada era praticamente do lado de casa)
Fui dormir tranquila e fiz uma oração em que agradeci imensamente por ter no meu caminho pessoas boas e que me receberam tão bem.