Meu destino desfocado

Meu destino desfocado
América Latina

segunda-feira, 28 de março de 2011

incidente em Península Valdes

Saímos da Península Valdes às 7 da manhã e fui dirigindo até Puerto Madryn (estrada tranquilissima, diga-se de passagem). Devolvemos o carro ao rental shop e presenciei uma cena muito feia.
Na nossa primeira noite na Península, depois de vermos o pôr do sol voltávamos a Puerto Pirâmide (a única vila residencial/comercial da península, onde procuraríamos um albergue), e o pneu do carro furou. Por sorte as pessoas que estavam comigo eram tão tranqüilas quanto eu. Ger, o motorista, tomou controle da situação e trocou o pneu. Fazia frio e vento e tivemos que esperar fora do carro, sem uma alma viva ao redor, mas tínhamos tudo que precisávamos.
Depois dos primeiros momentos tentei controlar os “fuck” do francês falando que estava tudo bem, que tínhamos step e ferramentas, lanternas, sacos de dormir e comida no carro. Então olhei pro céu e todas aquelas estrelas no céu sob o deserto, silêncio total, nos fizeram sentir-nos bem.
Depois de trocar o step outras surpresa: a bateria descarregara. Não saíamos do lugar, o carro não pegava nem empurrando e o jeito foi esperar. Assim, como se as estrelas pedissem para ser admiradas, tirei meu saco de dormir e me deitei na estrada, em frente ao carro, e fiquei olhando as constelações, que Ger conhecia, até que o carro esfriasse e pudéssemos (ou melhor, os meninos pudessem) ver qual era o problema com o carro. Nada mais que meia hora parados no meio do nada olhando as estrelas. Depois disso o carro pegou e voltamos a Porto Pirâmides.
De volta a Puerto Madryn, devolvemos o carro e mostramos o pneu furado ao rapaz do rental shop. O pneu não só furou, estava destruído, o que nos fez pensar que não era de boa qualidade.
O rapaz, quando lhe mostrei o pneu, me disse que estava daquele jeito porque furou e continuamos andando com ele em estrada de terra (o que foi verdade, pois demorou um tempo para percebermos que estava furado). Quando fomos acertar as contas, Mathieu lhe contestou (educadamente), dizendo que o pneu parecia não ser apropriado pra estrada de terra. O cara deu piti e foi super grosseiro com ele, dizendo pra ele calar a boca, que não ia discutir, que era pra pagar e pronto.
Foi super feio, e infelizmente já tinham me avisado que acontece de alguns argentinos serem muito mal educados. Esse, o que tinha de gato, tinha de estúpido.
De qualquer maneira, pagamos 350 pesos pelo pneu, que não estava no seguro, e pronto.
Fomos tomar café e procurar luvas e gorro. Depois das compras, pegamos um taxi de volta ao posto onde dormimos e de lá nos separamos para voltar a pegar carona, agora a rio Gallego,Rio Grande ou Ushuaia, esta, nossa cidade de destino.
Depois de menos de uma hora hacendo dedos, parou um caminhão que perguntou aonde íamos. Daniel, motorista do caminhão, nos levantou e durante as 24 horas seguintes viajamos com ele.
Daniel é um rapaz de seus 35 anos, pai de família e super bonzinho. Disse que costuma dar carona porque é uma distração pra ele, e assim pode ter contato com gente de todo o mundo. Conversamos muito durante toda a viagem, e à 1 da manhã paramos para dormir. Eu e Mathieu estávamos dispostos (embora não preparados) para dormi na barraca, mas ele insistiu que dormíssemos no caminhão e em menos de 5 minutos o caminhou virou duas camas (ele tinha dois colchões. Em um dormimos eu e Mathieu e em outro, ele). Dormimos até as 5 a manhã, tomamos café no caminhão mesmo (ele tem bujão de gás e fogão portátil, então deu pra aquecer água para meu leite em pó), e eu dormi sozinha sentada no banco de trás durante as 6 horas que se seguiram.
Daniel nos levou até a fronteira com o Chile.  Nosso destino era Ushuaia, que fica na Argentina, mas para ir por terra temos que sair da Argentina, entrar no Chile, sair do Chile e entrar na Argentina de novo. Aí que quase rodamos.
Daniel não quis nos levar porque daria muito trabalho com a papelada e a fila na imigração. Passamos pela imigração Argentina e registramos nossa saída. De lá, andamos 500 metros até a imigração chilena e registramos nossa entrada, o que demorou um tempão por conta da fila. Depois de tudo certo fomos à estrada para tentar outra carona. Eram 4 da tarde, fazia um vento horroroso e Mathieu já me pedia um plano bem. Achamos que talvez devêssemos ter ficado em Rio Gallegos, onde há estação de ônibus e poderíamos pegar um até Ushuaia. Mas como já tínhamos decidido seguir adiante, eu não gostava da idéia de voltar pra trás e sair do Chile e entrar na Argentina de novo. Fora que o pessoal da imigração iria rir da nossa cara por não termos andado nem 1 quilômetro do Chile.
Às 6 da tarde parou um Civic na nossa frente e nos perguntou aonde iríamos. José e Cristian, que vinham no Civic, iriam a Rio Grande, e nos trouxeram até a porta do hostel onde estou no momento.



A salina



No nosso segundo dia na Península Valdés saímos em busca da maior salina da região. Da estrada de terra avistamos um enorme lago de sal, e resolvemos parar.
Trancamos o carro, pegamos comida e uma garrata d'água e começamos uma caminhada que levaria uma hora. Era o que pensávamos.
Da estrada vimos uma grande árvore, e atrás da árvore, o lago. Caminhamos por uma estrada de terra e depois pelo campo com arbustos cheios de espinhos até chegarmos à árvore, que descobrimos ser da propriedade de um rancho. Havia uma cerca de arame que se extendia por vários quilômetros e o jeito foi ultrapassar. Tínhamos caminhado uma hora e não iríamos voltar sem ver a salina.
Ao chegar àquele ponto, porém, a salina parecia bem mais distante de quando as vímos da estrada. Caminhamos por mais uma hora e meia, desviando de ovelhas e tentando evitar os inúmeros arbustos de espinhos. Não sei por que diabos aquele dia calcei botas ao invés de meu tênis de trekking, pois meus pés me matavam. Por outro lado, talvez tenha sido positivo, porque com as botas minhas canelas estavam protegidas dos espinhos.
Depois de duas horas de caminada chegamos ao ponto mais baixo da América do Sul.
Ger me disse que eram 54 metros de água acima de onde hoje só há sal. No entanto, na internet encontrei -40m. De qualquer maneiras, as Salinas Chicas aparece como o ponto mais baixo da América do Sul.
Esperávamos um lugar muito mais branco e seco. Abaixo do sal havia um pouco de umidade, de areia grossa, como da praia de Santos.
Ficamos um tempo na Salina e depois voltamos caminhando até o carro. A volta foi infinitamente mais difícil, pois além da subida, fizemos um caminho que tinha muitos espinhos e arbustos altos, fechando o caminho e nos obrigando a voltar.
Depois de 2 oras, no entanto, chegamos ao carro, satisfeitos por termos ido àquele lugar que, além de ser lindo, não tinha nem sinal de ter sido visitado recentemente (pois a administração do parque pede que não desçamos em lugares desmarcados, e provavelmente não ficaria feliz se nos víssem ignorando cercas).



Já comentei que sou uma pessoa de sorte?

Acredito que as pessoas que encontro vêm a mim por um motivo. Logo ficou claro por que os holandeses apareceram no meu caminho. Um deles, Ger, é um verdadeiro explorador.
Como estávamos com o carro alugado, ignoramos a recomendação do Parque Nacional de descer APENAS em áreas demarcadas no mapa (o que significava áreas onde TODOS os visitantes desceriam). Como o cara na central de visitantes disse “Evitem descer em áreas que não estão demarcadas” usamos esse “evitem” como brecha e descemos onde quer que nos parecesse conveniente.
A Península Valdes é um lugar mágico. É enorme, é um deserto, mas, claro, é uma península, o que significa que há água- muito bem habitada, diga-se de passagem.
Nos dois dias que passamos na península vimos quase de tudo, menos turistas (com exceção do lugar onde estam as orcas).
Com o carro alugado tínhamos liberdade, e Ger guiava e tinha os olhos bem atentos a tudo.
Vimos guanacos, avestruzes, lobos marinhos, focas, orcas, raposas, cavalos, vacas e – muito de perto- pingüins.  Fizemos também uma caminhadinha de 4 horas para ir a uma salina (o ponto mais baixo da América do Sul, onde antes era mar, com água 54 metros acima de onde hoje só há sal). Nos metemos no meio de espinhos, cavalos selvagens e ovelhas assustadas com a nossa presença- e tudo valeu a pena.
Península Valdes


eu e os meninos





Focas




mandíbula de Guanaco

mamãe pinguim protegendo seus ovos

Ilha dos Pinguins (nao é o nome oficial)
orcas
orca

atrás de mim ilha cheia de pinguins


domingo, 27 de março de 2011

Puerto Madryn


Depois de acordarmos desmontamos as barracas e voltamos à conveniência, onde estava quentinho. Tomamos um café decente e então fomos tentar carona para Puerto Madryn. Como  depois de uma hora não conseguimos e estávamos em quatro, chamamos um taxi, pagamos 30 pesos (justos) e chegamos ao centro de informações turísticas de Puerto Madryn.
A cidade é a porta de entrada para a Península Valdes, santuário de golfinhos, baleias, pingüins, orcas, focas, lobos marinhos, diversas aves e outros animais.
Pagamos 45 pesos num hostel bom e passamos o resto do dia na cidade, comemos e fomos procurar um lugar onde pudéssemos alugar um carro.
Os passeios turísticos à Península Valdes custariam 180 pesos por dia por pessoa. Além de acharmos caro, os 4 concordamos em rachar um carro porque nenhum de nós estava afim de fazer a coisa turística (os holandeses também são do couchsurfing, à propósito).
Fechamos o carro, fizemos compras de supermercado e voltamos ao hostel. Cozinhei para nós um macarrão com abóbora (eu queria abobrinha, mas houve uma confusão lingüística e os meninos que foram comprar a verdura não trouxeram a que eu pedi), bebemos um vinhozinho e conversamos até a hora de dormir. E dormimos bem quentinhos.






Hacendo dedos


Durante o caminho conversamos com os holandeses e descobrimos que iríamos fazer o mesmo trajeto até Ushuaia. De Bahia Blanca eles também iriam pegar carona até Puerto Madryn, de onde iriam  à Península Valdes, e de lá continuariam descendo. Assim, fomos os quatro tomar café e depois pegamos um ônibus que nos deixou num posto de caminhoneiros, onde nos haviam informado que era o melhor lugar para pedir carona para o sul, pela Ruta Nacional 3.
Mathieu, Johannel e Ger

Obviamente não pegaríamos carona os 4 juntos, então nos  posicionamos em duas duplas, com alguma  distância entre as duas.
Quando chegamos em frente à Estación de Servicio El Choclo (onde haviam indicado que era melhor esperar), havia dois rapazes hacendo dedos, o que nos fez ter que nos posicionar um pouco depois, pra não furar o olho de quem já estava lá.
Um deles conseguiu uma carona assim que chegamos, e o outro, depois de um tempo, entrou na conveniência, o que foi nossa deixa pra pegar o lugar dele.
Eu nunca peguei carona assim na minha vida. Eu já pegara carona com desconhecidos na Alemanha, mas era tudo arranjado pelo site, então literalmente esperar na beira da estrada foi (ou tem sido) uma experiência completamente nova para mim.
Sei que no Brasil isso é impensável (pelo menos por enquanto), e eu nunca faria isso sozinha, mas como estava acompanhada de um rapaz e segundo meu guia e as pessoas que consultei aqui no sul da Argentina isso é muito comum, resolvi tentar.
Eu não podia ter tido uma melhor primeira carona.
Depois de pouco mais de uma hora esperando um corsa branco parou do nosso lado e uma loura simpática nos perguntou aonde iríamos. Respondemos que ao sul, mais precisamente a Puerto Madryn, e então ela e seu marido (há dois dias)  ajeitaram o portamala e o interior do carro para cabermos. Quando entramos no carro vimos que os meninos holandeses (já tinha comentado que eram dois meninos, de 18 e 20 anos?) conseguiram um caminhão na mesmíssima hora que conseguimos o carro.
Casais em lua de mel são bem humorados, aparentemente (também, se não fossem agora, em que momento do casamento seriam?). Viajamos com eles de Bahia Blanca até Las Grutas, e durante todo o caminho conversamos, nos conhecemos, compartilhamos informações sobre a vida nos três países, cantamos e até aprendemos francês (eu e o casal, obviamente).
Juan e Natalia- nossa primeira carona

eu e Mathieu

Não fomos todo o tempo pela Ruta 3, como planejado, pois o casal se perdeu. De qualquer maneira, andamos 532 quilômetros  com o casal, e descemos num posto de gasolina para tentar pegar outra carona, já  que eles ficariam em Las Grutas e nós seguiríamos.
Você já deve ter ouvido que taxista argentino é fdp, e certamente se já veio à Argentina pôde comprovar na pele. Bem, eu comprovei.
Quando o casal nos deixou no posto havia um taxista parado ao nosso lado. Assim, o casal lhes disse que estávamos pegando carona e que queríamos ficar num posto onde passassem caminhões que seguiriam ao sul, e perguntaram se era longe. O taxista pelotudo disse que era a uns 15 quilometros, e que iria nos sair 20 pesos. Fomos, não andamos nem 5 minutos e nós, idiotas, pagamos 20 pesos.
No posto pedimos carona a alguns caminhoneiros parados. Um disse que estava viajando junto a outro caminhoneiro, e que não cabíamos nós dois em um só caminhão, então eu teria que ir em um e Mathieu em outro. Pela cara dos dois vimos que era furada e que deviam ser uns pervertidos, então recusamos. Um outro, enquanto Mathieu foi ao banheiro, me perguntou aonde eu iria, disse que me levava, e quando eu disse que viajava acompanhada falou que ia comprar cigarros e nunca mais voltou.
Eram umas 9 da noite quando saímos do posto e resolvemos parar de perguntar a pervertidos e contar com a sorte. Ela não tardou a vir, e um  caminhoneiro porto-riquenho de nome Henrique nos levou pelos seiscentos e tantos quilómetros seguintes até um posto a alguns quilômetros de Puerto Madryn. O posto era 24 horas e quentinho, e resolvemos acampar por lá, já que, segundo Henrique, caminhar  até Madryn estava fora de cogitação, especialmente àquela hora. Chegamos ao posto, pedimos algo pra comer e 15 minutos depois... chegam os holandeses! Não tínhamos nos falado desde que nos separamos, e foi uma feliz coincidência termos nos encontrado naquele posto, principalmente porque íamos acampar no campo atrás do posto, e me senti mais segura estando em maior quantidade (e também porque um dos holandeses, o de 18 anos, tem quase 2 metros de altura).
Tivemos uma noite sem nenhuma emoção, mas com muuuuuito frio. 
Estávamos em duas carpas (eu e Mathieu em uma e os meninos em outra), mas a nossa barraca não nos protegeu do vento, então às 6 da manhã acordei tremendo de frio e não consegui mais dormir. Mathieu também acordara, e nenhum dos dois estava preparado praquele frio. Eu colocava o cachecol na minha cara pra proteger meu rosto do vento que entrava pelo chao, mas aí focava o frio nos pés e no joelho.
Foi uma noite bem fria, mas o nascer do sol fez valer a pena.

Ah, e não estou doente. :)







Aprendendo a ouvir o vento


Dia 28
Segunda- feira

Há algumas semanas tenho ocupado meu tempo pensando na Patagônia: Ir ou não ir, esperar meus pais ou não, arranjar companhia ou não...
Segunda acordei preguiçosa. Pra variar, não tinha planejado meu dia, e resolvi ocupar as primeiras horas dele lendo sobre a Patagônia e tomei coragem de postar no grupo de Buenos Aires uma mensagem procurando companhia para viajar, já  que meus pais confirmaram que agora não seria possível para eles.
Seu eu acreditasse em coincidência ela seria uma boa justificativa para o que aconteceu nesse dia.
Não sei como fui para no grupo da Argentina (eu só era membro do grupo de Buenos Aires), e lendo os  posts no fórum fui dar com a mensagem de um tal francês que dizia que iria ao  sul “de dedos” e buscava companhia. Acontece que o fulano tinha postado havia 5 dias e dizia que ia sair de Buenos Aires no domingo ou na segunda. Era segunda, 1 da tarde e me deu um siricotico.
Fiquei naquele mandonãomando mensagem  por uns dois minutos, mas como tenho um certo treino mental resolvi mandar logo e acabar com a minha dúvida. Lhe escrevi explicando que estava também na capital e estava a procura de companhia pra descer,e  que topava pegar carona.
Por sorte dali meia hora me respondeu dizendo que ainda estava em Buenos Aires e que sairia de lá as 19:45, de trem, até Bahia  Blanca.
Eu tinha que comprar sapato de trekking e me apressei. Fui até a Estación Once, e andei pelas ruas onde o comércio é mais barato. Depois de mais de uma hora procurando, encontrei bons sapatos, paguei e fui pra casa acabar de arrumar a mala.
Mathieu (esse é o nome do francês) propôs que nos encontrássemos em seu hostel no centro de Bs As uma hora antes de pegarmos o trem. Tive que contar com a sorte: se o cara fosse um francês folgado e fedido eu já estaria comprometida a viajar pelo menos até Bahia Blanca com ele.
Eu sou uma pessoa de sorte.
Mathieu 

Quando cheguei no albergue ele me esperava todo sorridente. Muy buena onda, de cara nos demos bem (também, ele tinha um violão), e pegamos o metrô até a estação de trem.
O trem pra Bahia Blanca custava 55 pesos na primeira classe (que eram as únicas passagens que restavam).
Infelizmente o trem é uma porcaria.  Os bancos estavam soltos, janelas com vidros rachados, não tinha água nos banheiros e deixava um pouco a desejar na limpeza. Seriam 14 longas horas de viagem.
Eu e Mathieu conversamos as primeiras horas da viagem, até cairmos no sono. A “primeira classe”não estava cheia, assim que quando fomos dormir, Mathieu foi pra outras poltronas, e pudemos deitar, o que tornou a viagem um pouco mais confortável.
Mas não por muito tempo.
Fazia um frio muito grade à noite, então me levantei para pegar meu saco de dormir. Quando acordei reparei que o trem estava parado (ele já estivera parado antes em outros pontos, sem mais nem menos). Reparei uma movimentação da parte dos funcionários da empresa, e passageiros resmungando.
Devemos ter ficado parados por mais de uma hora, e quando o trem voltou a andar, andou pra trás. Isso mesmo. Voltamos não sei quanto quilômetros porque o trem simplesmente não avançaria.
Eu vi um casal de idosos na minha frente tirando as coisas do maleiro e perguntei o que estava acontecendo. Eles disseram que teríamos que descer do trem e seguir dali em ônibus. Nenhum funcionário falou nada diretamente, o pessoal só ia se tocando e descia, como eu fiz.
Olhei ao meu redor e só havíamos eu, Mathieu, e dois meninos gringos. Eles acordaram e lhes informei que teríamos que descer.  Nos apressamos e depois de alguma espera e muitos ônibus consegui que colocássemos nós 4 no mesmo ônibus (os dois meninos, holandeses, não falavam nada de espanhol e também não compreendiam muito bem).
Fomos, então, das 6 da manhã até as 10 num ônibus apertado, sem banheiro e conduzido por um motorista de mau gosto musical até chegarmos em Bahia Blanca.

domingo no parque

Puerto Madero

Puerto Madero



Carlos me havia convidado para ir com ele ao aniversário de uma amiga. Fomos eu, ele, Javier e Luciana, que conhecera na noite anterior.
O aniversário era em um parque em Puerto Madero, e sem querer querendo andei bastante por aquela região, que realmente bonita
Carlos, eu e Javier

Chegamos tarde ao picnic e ficamos até anoitecer e esfriar. Voltamos pra casa eu, Carlos e Javier, e resolvi cozinhar para eles como forma de agradecimento.
Eu gosto muito de cozinhar. Normalmente cozinho muito pouco porque costumo comer sozinha, mas a verdade é que me sinto bem cozinhando para outras pessoas, especialmente comidas brasileiras para gringos.
O cardápio: coxinha.


Nunca na minha vida eu fizera coxinha, mas tentei arriscar. Entrei no tudogostoso.com e pronto. Ficou uma delícia, mas dá  uma trabalheira danada.
Javier, Marina e Carlos