Meu destino desfocado

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América Latina

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Notícias do fim do mundo


                                                                           Ushuaia

noite de terça eu e Mathieu nos encontramos com Ruben, um CS daqui de Ushuaia. Tivemos uma noite agradável com vinho e música, e Rubem, argentino da Tierra del Fuego, deu uma definição excelente dos argentinos: Argentinos são italianos que falam espanhol, se comportam como franceses e querem ser ingleses.
Talvez já se tenha ouvido por aí que os argentinos são um pouco arrogantes. O que acontece é que eles se consideram os melhores, se não do mundo, pelo menos da América Latina. Assim, sentem-se superiores principalmente aos uruguaios e chilenos.
Qualquer um pode pegar um mapa mundi e ver que a cidade mais austral do mundo é Puerto Williams, no Chile. Os argentinos, que não podiam dar aos chilenos o prazer de terem a cidade mais austral do mundo, defendem que Ushuaia o é, pois Puerto Williams é uma cidade menor que Ushuaia, e suas dimensões devem ser levadas em conta.
Assim, segundo os argentinos, eu estou no fim do mundo.
Ushuaia é a capital da provínica Tierra Del Fuego, Antártida y Islas Del Atlantico Sur.  É uma cidade pequena que se declarou livre de impostos e que, a partir de então, presenciou um grande avanço comercial, pois várias empresas se aproveitaram do benefício fiscal e se instalaram nessa terra gelada.
A cidade em si não tem muitos atrativos. As coisas aqui são caras, e foi fácil perceber que a população daqui tem grana, e os turistas que vêm (ou a maioria deles) também.
Então o que diabos estou fazendo aqui?
Desde que comecei a pensar em vir pra Patagônia Ushuaia estava no meu roteiro. Alguma coisa de estar tão ao sul chamava minha atenção e despertava minha curiosidade.
Ontem fiz um passeio num barco (Catamaran) pelo Canal de Beagle. O canal, que me é familiar das aulas de geografia de muito tempo atrás, liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico.
O passeio, que tem 6 horas de duração, me permitiu passar por ilhas com pássaros nativos, leões marinhos e pingüins, além de passar pelo farol do fim do mundo e pela Estância Heberton, a primeira estância da região, que hoje é super turística- por algum motivo que escapa à minha comprensão.




Além de ver os animais super de perto e me dar vontade de ter um pinguinzinho em casa, durante todo o passeio temos uma vista bonita da cidade de Ushuaia, de Puerto Williams e de algumas montanhas ao redor. 


Ontem à noite os dois holandeses chegaram ao nosso hostel (dessa vez não foi coincidência, eu lhes havia avisado que estávamos num hostel bom e “barato”). Hoje saímos, então, rumo ao Glaciar Martial.
De manhã chovia e fazia um frio horroroso (uns 3 graus, com sensação térmica de menos por conta do vento). Eu ainda não comprei calça, porque realmente não gosto de usá-las, mas estou considerando, porque tá dando um trabalho danado me vestir pra siar de casa.
Minha vestimenta:
Uma legging fio 80
Uma polaina de lã de perna inteira, verde (tinha preta, mas como não conheço ninguém aqui e não to nem aí pra moda, comprei uma verde meeesmo)
Uma legging grossa
Uma polaina de canela, preta
Uma camiseta térmica grossa de manga comprida
Uma camiseta de manga comprida e gola
Um cachecol
Um gorro de lã
Luvas grossas
Jaqueta grossa
Jaqueta de chuva

Por que eu não fui pra Bahia, meu Deus?

Tá, porque na Bahia não tem geleiras.

E por que eu quero ver geleiras? Eu sei lá, mas já que estou por aqui, por que não?
Comecei a subir a montanha com os meninos e depois de uma hora de caminhada começou a nevar. Ventava um pouco e eu não sentia meu bumbum. O resto do corpo tava legal, estava bem protegida, então resolvi aceitar o frio na parte traseira e seguir em frente.
Depois de uma caminhada de quase duas horas, chegamos à base da geleira. Eu não via muito bem a geleira, via mais umas montanhas com neve em cima. Ao chegar a esse ponto, com vento e nevando, resolvi não ir. Seria uma subida puxada, estava super nublado e eu estava chateada porque de manhã havia perdido meu Ipod no hostel e não parava de pensar naquilo.
Despedi-me dos meninos e voltei caminhando até o hostel- sem mapa e sem me perder, o que me deixou muito orgulhosa.
Os meninos chegaram às 5 da tarde e dissera que ficaram um pouco decepcionados, por viram apenas um pequeno lago no meio das montanhas, o que não é a definição de geleira. Disseram também que a descida foi bem difícil, inclinada e escorregadia, e eu fiquei feliz de não ter ido.

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