Dormir em um saco de dormir não tem sido uma tarefa fácil pra mim.
Mesmo tendo alugado um saco que suporta temperaturas de até -15 graus, ter que restringir o espaço do meu corpo ao saco não é fácil, uma vez que estou acostumada a dormir de barriga pra baixo, com as mãos debaixo da minha cabeça, esta sempre virada pra direita. O saco não me dá essa liberdade, pois o vento que entra pela barraca me obriga a fechá-lo até em cima, e colocar o capuz, que cobre todo o meu rosto. Acordei algumas vezes à noite para encontrar uma posição melhor, e senti meu joelho direito doer.
Durante a caminhada do dia anterior houve um momento em que parei, e ao parar, com as pernas esticadas, meu joelho direito foi muito pra trás. Senti uma dorzinha na hora, mas continuei andando.
Mathieu havia posto seu despertador para as 7 horas, para vermos o nascer do sol das Torres. O frio nos fez enrolar mais e quando iniciamos a caminhada, o sol já havia raiado. De qualquer maneira, queríamos chegar ao mirador, e começamos caminhada montanha acima. Foi a primeira vez na minha vida em que assim que acordei fui subir montanha (e provavelmente a única).
Dessa vez carregava apenas uma mochila pequena com água, amendoim e barra de cereal, mas mesmo assim, estava muito pesado pra mim. Eu tinha que fazer muita força nas pernas para subir e sentia meu joelho direito doer cada vez mais. As cores das montanhas no início do dia formavam uma paisagem inegualável, e eu quis chorar quando me dei conta que a minha máquina não ligava.
Eu tinha combinado com Mathieu de usarmos uma câmera por vez, para economizar bateria, já que estaríamos cinco dias sem eletricidade. Nós dois pusemos as baterias para carregar na noite anterior, e verificamos se estavam carregadas - e estavam, as duas câmeras.
Quando cheguei num ponto onde havia árvores com folhas avermelhadas ao lado de outras com folhas alaranjadas, amarelas e verde, e detrás uma montanha com neve no topo, quis bater uma foto (Mathieu já estava alguns quilómetros na minha frente). Tirei a máquina da capa e... NADA. Quase chorei.
Superando essa frustraçào, continuei subindo. Depois de pouco mais de uma hora cheguei ao mirador das Torres del Paine e vi as 3 torres, descobertas de nuvem (o que dizem que é raríssimo). Mathieu estava lá em cima e tiramos algumas fotos juntos, ele tirou várias da paisagem com a câmera dele, mas não sei quando poderei compartilhar, já que agora não devo encontrá-lo mais.
Assim, coloco duas fotos que achei na Internet, só para ilustrar
Depois de algum tempo no mirador, descemos até perto do lago e tiramos mais algumas fotos. O ventinho frio nos fez voltar ao acampamento e tomar um café da manhã reforçado para o dia longo de trekking que teríamos pela frente.
Minha descida foi tão difícil quanto a subida, porque meu joelho doía muito. Quando cheguei ao acampamento conversei com Mathieu e disse que não sabia se continuaria nos próximos dias.
Já passava das 10 da manhã e só há um ônibus por dia para voltar a Puerto Natales, que sai às 14:30. Não teríamos tempo de desarmar a barraca e voltar a Laguna Amarga a tempo de pegar o ônibus.
Mathieu se mostrou um grande companheiro ao propor que ficássemos ali mais um dia. Assim eu poderia descansar o joelho e ver se no dia seguinte teria melhorado. Se não, sairia cedo do acampamento, a tempo de pegar o ônibus de volta a Puerto Natales, e foi o que aconteceu,
Ficamos conversando um tempo na barraca e Mathieu saiu para explorar montanhas ao redor. Fiquei dormindo e acordei ouvindo alguém me chamar. Era um dos holandeses que haviam chegado no acampamento, o que foi ideal, já que assim Mathieu não ficaria sozinho depois que eu partisse.
Tivemos uma noite de conversa e uma lata de cerveja a cada um (trazidas pelos holandeses). Despedi-me deles aquela noite e fomos dormir cedo.
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