Meu destino desfocado

Meu destino desfocado
América Latina

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pucón

Cheguei a Pucón na noite de segunda e tomei um táxi à casa de Carlos, onde eu teria sofá (que, na verdade, é uma cama superconfortável num quarto de hóspedes).
Carlos é um sureño (sulista) de 25 anos, farmacêutico, e que vive em Pucón há apenas 2 semanas. Ele é um amor, super inteligente, e muito interessado pelo couchsurfing. De fato, ele escolheu morar numa casa com um quarto extra para poder receber surfistas.
Enquanto jantávamos conversamos sobre meus passos até chegar lá. Enquanto lhe contava sobre meu amigo francês, com quem desci até a Patagônia, Carlos mexia no computador. De repente  vira a tela pra mim e pergunta: "Esse francês?", me mostrando a seguinte foto, que eu mesma não tinha

Eu entrei em choque e minha cara deve ter sido muito engraçada, pois ele disse que queria ter filmado. Não só Mathieu tinha ficado na mesmíssima casa que eu quatro dias antes de eu chegar, como coincidiu seu último dia com o único dia que Vincent e Alexis também ficaram hospedados na casa de Carlos. Nem acreditei que todos eles se conheceram e que eu os perdi por um dia!
Vulcão Villarica

Na manhã seguinte saí pra caminhar em Pucón e fui presenteada com um céu limpíssimo. Caminhei pela cidade, me comprei Cien anos de Soledad (de Garcia Marques) e um livro de poesia de Neruda e resolvi ficar em casa durante a tarde. A cidade eu já tinha conhecido pela manhã, e não ia fazer nadda turístico porque as  coisas aqui são muito caras (a subida ao vulcão me custaria quase 300 reais). Comprei, no entanto, um pacote turístico para hoje, que, no final das contas, foi um dinheiro meio mal gasto.
O fato é que eu estava interessada em ver uma aldeia Mapuche, índios nativos daqui. Passamos pela aldeia, que na verdade tinha só uma cabana Mapuche, onde no verão os nativos vão, e vendem comida. Mas agora estava fechada.
Passei por Ojos de Caburgua, que foi interessante, e depois, Termas de San Luis, que foi extremamente relaxante.

Voltei a Pucón e vim pro  café onde  há Wifi.
Mathieu me escreveu dizendo que está em Valparaíso e que no mesmo albergue estão Vincent e Alexis (que conheci no Navimag). Eles todos são uns queridos e eu fiquei com a sensação de estar no lugar errado.
Chequei meu e-mails e meu sofá em Santiago lamentou não poder mais me hospedar, mas teria que viajar a trabalho.
O café onde estou é em frente à agência de ônibus.
O meu hábito de ouvir o vento me fez levantar, atravessar a rua e trocar minha passagem. Assim, ao invés de sair a Santiago hoje às 21:45, saio às 19:50 a Valparaíso. E torcerei pra encontrar os meninos lá

Bolinha de queijo

No meu último dia na casa de Armando chegaram Andrew, um cara de Singapura, e Sebastian, que é meio alemão, meio americano. Os dois viajam juntos.
Muuuuito gente boa, nos demos super bem, e naquela tarde fomos os quatro a Puerto Varas. Armando nos apresentou a uma amiga sua, Maria Cecília, que é dançarina e professora de flamenco, e tem um pub super fofo em frente ao Lago Llanquihue. O pub tava fechado, mas ela nos convidou a entrar e ali passamos algumas horas conversando e admirando a decoração- que tem sua cara.
Sebastian, eu e Armando

Sebastian, eu, M.Cecília, Armando e Andrew

O último ônibus que sai de Puerto Varas a Alerce (Armando mora entre as duas cidades) saía às 9:30. Antes de tomá-lo, passamos no supermercado pois eu queria comprar coisas para fazer bolinha de queijo.

Eu gosto de cozinhar pras pessoas que me hospedam em forma de agradecimento, e de quebra compartilho algo da culinária do meu amado país.
A coxinha tinha dado certo em Buenos Aires, mas foi muito trabalhosa. Por isso optei pela bolinha de queijo, mas dessa vez não rolou. Ficou mole e encharcada de gordura. A minha sorte é que nenhum deles conhecia uma boa bolinha de queijo, então não fiquei com a moral ferida. Eles comeram até no dia seguinte no café da manhã- fria. Eu comi apenas duas.
De qualquer maneira, valeu a tentariva. Eles se divertiram me ajudando a fazer as bolinhas






Devagar, quase parada

Eu sou uma pessoa bem tranquila e há momentos em que minha tranquilidade chega a seu extremo.

A casa de Armando tem uma energia tão boa que decidi ficar lá dois dias a mais. Eu tinha sofá reservado em Pucón pra segunda, e decidi ficar todo o feriado de páscoa em Puerto Varas, porque eu e Armando nos demos muito bem e ele falou que  era óbvio que eu podia ficar mais tempo. Pois fiquei.
O casal chino-israelita foi embora no sábado pela manhã e acordei para me despedir deles. Voltei a dormir e só acordei as 3 e meia da tarde. A chuva não cessara, Armando também estava dormindo, eu tava muito bem quentinha debaixo das cobertas e não vi motivo para sair de lá.
Depois que acordei fiquei trabalhando minhas fotos, organizando minha lista de músicas e ouvindo música chinesa que Armando ouve com muita frequencia.

No fim da tarde chegou Carolina, uma vizinha sua, que eu conhecera na minha primeira noite lá. Comemos alguma coisa e assistimos a um filme sobre a vida de Hitler- muito interessante, por sinal.

Depois fui dormir, dessa vez sem vomitar.

Ah é! Esqueci de escrever isso...
Na noite em que estava o casal Armando fez um arroz com mariscos, e eu comi-juro- dois mariscos e uma colher de arroz. Naquela noite também assistimos a um filme- Awake-, e justo quando o filme acabou senti um enjoo muito grande. Pensei que tava grávida (mentira, só se fosse do Espírito Santo), e como conheço meu corpo, tranquilamente fui até o banheiro, sentei-me em frente ao vaso e bleeergh

Vomitei com uma classe que vocês não imaginam.

Eu tentei comer mariscos. Em Puerto Montt havia comido com Alex, meu host. Meus pais ficariam orgulhosos!
Alex, sofá de P. Montt. Ele no caldo, eu, no curanto (isso tudo de concha!)

Mercado de Puerto Montt

casal chino-israelita (nomes difíceis, nao me lembro)

eu, Armando, e o marisco que saiu duas horas depois

Aparentemente não posso fazer disso um hábito, pois meu corpo não aceitou muito bem.

Post atrasado- Torres del Paine

Há algum tempo pensei em escrever o que aconteceu comigo em Torres del Paine, na manhã que descia a montanha para pegar o ônibus de volta a Puerto Natales.

A descida foi menos pior, mas, para mim, quase tão difícil quanto a subida, por conta do joelho machucado.


Fazia muito vento naquela manhã. Ventara toda a noite, e Mathieu e eu acordamos algumas vezes assustados e preocupados, pensando que a carpa desmontaria ou coisa do tipo. Felizmente com a nossa nada aconteceu, mas nas noites que se seguiram, segundo relatos, várias barracas quebraram.

O vento aumentava ainda mais a dificuldade de caminhar, e agravava o meu medo. Em alguns trechos da montanha o vento atirava meu corpo de um lado pro outro, e em determinado ponto tive que parar, porque eu tinha apenas um caminho estreito por onde caminhar, e abaixo, o abismo.
Soube depois que saí do parque que um guia caiu naquele mesmo dia.
Eu, naquele ponto crítico, tive que sentar no chão, protegida por uma rocha, para que o vento não me levasse, até o vento diminuir e eu me sentir segura para seguir caminhando.

Porque minha vó Marina reza por mim toda noite, e pede a todos os santos proteção, pede à Virgem que me cubra com seu manto e convoca todos os anjos da guarda para me acompanharem, nada aconteceu.

Um minuto depois daquela travessia senti um toque e um afago no meu braço.

Eu não sou muito de acreditar nessas coisas, mas naquele momento eu - de verdade- senti que fui tocada por um anjo.

No meu caso, dois. Que me acompanham aonde quer que eu vá.

domingo, 24 de abril de 2011

Dois meses de estrada

Ontem fez exatamente 60 dias que saí de São Paulo, de shorts curto e debaixo de sol.
Continuo de shorts curtos, mas debaixo deles polainas grossas de perna inteira e legging. O sol não tem vencido as nuvens e a chuva há uns 3 dias, e hoje, particularmente, debaixo mesmo eu estou de três cobertores e um saco de dormir.
Saí de Castro às 10:30 da manhã de quinta e peguei um ônibus até Puerto Montt. Meu destino final era Puerto Varas (que dista apenas 15 minutos de Puerto Montt), mas ia buscar as sapatilhas de lã que encomendara com Carmen, a artesã.  Também havia combinado de  encontrar Armando, o cs que me hospedaria em P. Varas.
Armando não vive exatamente em Puerto Varas, mas no meio do caminho entre uma cidade e outra. Vive nos fundos de um centro de eventos (o que pra gente seria tipo um Buffet de festas), que fica no meio da estrada. Assim, não há vizinhos, e da janela de seu apartamento ele jura que tem uma vista linda de não um, mas de dois vulcões: Osorno e Calbuco. Eu, infelizmente, ainda não os vi – pois as nuvens até agora não fizeram o favor de dar uma licensinha pra eu tirar uma foto e mostrar pra vocês o lugar lindo onde estou hospedada.
O apartamento é uma graça e tem uma vibe muito boa. Armando é um argentino que começou a viajar há 3 anos e até agora não voltou pra casa. Vive aqui há 5 meses, e aqui está iniciando um projeto social chamado UNAVIDA.
Nosso encontro foi armado pelo Universo. Inicialmente eu não pedi sofá a ele. Pedi a uma garota de Puerto Varas, Natalia (que por “coincidência” hospedou meu amigo francês Mathieu há menos de uma semana), e ela me respondeu que não estaria aqui, e me sugeriu que pedisse sofá a seu amigo e parceiro de projeto, Armando. Não hesitei, mandei um pedido, ele logo aceitou, e logo ao chegar vi que alguém andou mexendo os pauzinhos para eu me hospedar em sua casa.

Se minha vida fosse um filme vocês poderiam achar que aqui se iniciaria uma  linda história de amor. Mas não é nada disso – que mania de Hollywood!
Há vários motivos que me deixam contente por eu estar aqui. O principal é que ele é o tipo de pessoa que eu gosto de conhecer. Sabe aquele tipo de gente que no momento que você conhece parece que já se conhecem há muito tempo?
Ele morou 8 meses na China, fala um pouco de mandarim e é super interessado pela cultura chinesa. Além disso, também trabalha com energia, então de cara vi que íamos ter sobre o que conversar.
Também estava hospedado aqui um casal pouco convencional: uma chinesa de Hong Kong e um israelita.
 Quais são as probabilidades de, num grupo de 4 pessoas, 3 falarem mandarim?
Tá. A realidade é que nenhum dos 3 realmente FALA mandarim. Eu, muito meia boca, mas entendo alguma coisa, Armando fala mais ou menos, e para os desinformados, em Hong Kong se fala inglês e cantonês – que é muito distinto de mandarim. Mas a garota sabia mais que nós dois.
Na primeira noite que estive aqui Armando nos convidou para ir até Puerto Varas assistir a uma apresentação de flamenco com umas amigas. A chuva e o frio intensificaram meu sono e gentilmente recusei o pedido. O casal também preferiu ficar, e pudemos conversar um pouco. Se estão curiosos de saber como eles se conheceram (como eu estava, e perguntei): Em novembro, no Peru, foram hospedados pela mesma pessoa do CS. Seguiram viajando separadamente (pois tinham diferentes rotas), e vez ou outras e encontravam. Agora seguirão viajando juntos.

 Na manhã seguinte acordei antes das 7 porque havia combinado de encontrar Armando, que dormira em Puerto Varas, às 8 da manhã, para vê-lo praticar Wu Shu, uma arte marcial chinesa.
Com muito custo saí da minha cama quentinha pra ir debaixo de chuva e no escuro até o ponto de ônibus. Lembram que sou uma pessoa de sorte? Em menos de 3 minutos consegui uma carona que me deixou em Puerto Varas (que está a 10 km de distância) e fui até a frente de uma Igreja, onde era nosso ponto de encontro.
Esperei uns 40 minutos e nada do Armando. Pensei em ligar, mas quando me dei conta, não tinha seu número comigo. Ao invés de ficar de mau humor por ter acordado cedo e os planos não correrem como devia, resolvi aproveitar que já não chovia e caminhar por Puerto Varas, que era mesmo meu objetivo.
Puerto Varas é conhecida como Cidade das Rosas. Vi várias, todas molhadas e algumas mortas. Talvez o outono não seja a melhor estação para conhecer a capital turística do sul do Chile.
Eu estou aprendendo muita coisa comigo. Descobri que tenho uma boa inteligência e bom controle emocinais.
A cena: Estava eu esperando Armando em frente a uma igreja graciosa. O sol nascendo, já não chovia, e à minha frente uma árvore baixa, cujas folhas traziam várias gotículas de água.
“Foto!”, pensei.
Na noite anterior havia colocado minha câmera para carregar, porque ultimamente a bateria tem descarregado muito rápido. Acordei, coloquei a bateria na máquina e a liguei, para certificar-me que estava funcionando. Estava, saí feliz e contente, mas com meu Ipod para me dar mais segurança.
Voltemos à cena: folhas com gotas d’água e luz do sol nascente. Tiro a câmera da capa, ligo-a, ouço o som do zoom saindo e... tela preta.
Não sei o que aconteceu, mas a tela simplesmente não ascendeu mais. E minha câmera, uma novíssima Sony W 350, não tem buraquinho como as câmeras mais antigas, então, a situação que eu tinha era: Minha câmera está com bateria e bate foto- eu só não consigo ver o que estou fotografando.
Eu QUASE me emputeci. Pensei, então, que me emputecer não me levaria a parte alguma. Respirei fundo e pensei: “Estou com meu Ipod, vou tirar umas fotos com ele.” A qualidade não é a mesma, mas saíram. Quando der as coloco aqui.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Coisas minhas

Então hoje era o dia de ir ao Parque.
Tinha planejado pegar o ônibus as 11. Levantei às 9, embora já estivesse desperta desde as 8 e pouco.
Fiquei enrolando na cama, sem vontade de levantar, e tive que entar em acordo com a minha mente para sair da cama e aproveitar o tempo que estou aqui:
- você pode dormir depois, lhe convenci.

Pois bem. Levantei, tomei meu café, e fui até a rodoviária com Rachel, a americana que estava hospedada aqui também. Ela voltaria a Valparaíso, onde estuda literatura, essa manhã.
Fomos à rodoviária e às 11, conforme planejado, me despedi dela e peguei um ônibus até o Parque Nacional.
A viagem durou pouco mais de uma hora. Ao longo do caminho fui sentindo frio. Havia neblina e começava a garoar. Sabe aquela garoa que dura o dia inteiro?
No ônibus havia um grupo de garotos (falantes de espanhol, não sei de que país), e um casal de alemães que estavam no Navimag. Todos eles desceram um pouco antes da entrada do parque para procurar alojamento, pois iam ficar mais de um dia pelo parque. Eu, como só fui passar o dia, não desci pra procurar alojamento.  Restamos eu e um casal de idosos, que moravam um pouco adiante. Quando o casal desceu e só sobrei eu no ônibus, perguntei ao motorista se ali era a última parada. Ele me perguntou onde eu iria descer, e eu disse que na entrada do parque.
Ele, surpreso, disse que a entrada do parque era onde tinham descido os meninos e o casal, e que havia avisado.
Provavelmente foi verdade. Eu estava muito entretida com meu caderno de anotações e com João Gilberto cantando ao meu ouvido que não me dei conta.
De qualquer maneira, ele disse que não havia problema. Para eu continuar ali, que logo voltaria pelo mesmo caminho, e que eu podia descer na volta.
Continuei, tirei o Ipod e enquanto o ônibus rodava, eu me entretia com a paisagem.
Era uma zona bem rural. Porcos, galinhas, ovelhas e vacas por toda parte, mas podia ver a praia- e o oceano Pacífico.
O ônibus parava hora ou outra para levantar as pessoas que iam a Castro, e à medida que entravam pessoas no ônibus eu observava seus gestos e sorrisos.
Uma coisa que tem chamado minha atenção aqui é o sorriso das pessoas. Longe der ser um sorriso colgate (pois a cor e a quantidade de dentes às vezes não são conforme a propaganda), o povo aqui sorri todo o tempo.
Já havia observado isso nas ruas. Sabe aquele tipo de gente que além de sorrir com a boca sorri com os olhos. Um sorriso sincero que vem da alma?
Achei as pessoas aqui em Chiloe muito simpáticas.
Então estava eu dentro do ônibus e observava os chilotes sorridentes entrando no ônibus. De repente notei uma placa de entrada no parque e pensei:
"Ah, é aqui que tenho que descer".
E foi um pensamento que não alterou a minha atitude.
Continuei no ônibus, fazendo o caminho de volta a Castro, sem descer.
O ônibus foi enchendo e vi uma criança de uns dois anos de idade cujo sorriso me fez sorrir, e valeu meu dia.
Notando que havia perdido a entrada do parque, não quis me mexer. Eu estava com um pouco de frio e não muito disposta a caminhar, por isso não levantei o meu bumbum da cadeira até chegar à praça central de Castro, depois de quase 3 horas num ônibus.
No entanto, o clima me presenteou boas paisagens e algumas fotos que compartilho abaixo.





 Eu já deixei de acreditar no acaso há algum tempo. Se há dois dias eu planejava ir ao Parque e mesmo tengo chegado à porta não desci, é porque não tinha nada pra fazer ali- ou era melhor que eu não fosse. Não preciso saber por quê.
Cheguei em Castro por volta das 14:30 e quis almoçar. Ao lado do meu hostel há um outro, onde há um comedor (refeitório), e Carlos, o coziheiro e dono do hostel, prepara pratos deliciosos.
Juro que fazia tempo que eu não tinha tanto prazer comendo alguma coisa.
Eu comi coisas gostosas ao longo da minha viagem. Anteontem mesmo almocei no mesmo lugar, comi um macarrão com molho de frutos do mar que estava muito bom. Mas no meu almoço de hoje me escaparam -não um- mas alguns gemidos de prazer.
O prato? Salmão com batatas salpicadas com ervas finas.
Não sei o que foi. Estava tudo perfeito. A consistência do salmão, a temperatura, as batatas, e o alecrim! Ai, que eu quase morri com a combinação de alecrim, batata e salmão.
Sim, já havia comido isso antes, mas hoje realmente entrei em êxtase.
"Nossa", pensarão os desavisados, "comendo salmão mesmo mochilando! deve estar bem de grana".
Não se enganem. Paguei 2.000  pesos chilenos em um prato desse, mais sopa de vegetais e suco.

Quanto são 2 mil pesos? Menos de 7 reais! Oh, yeah!!!

Paguei a conta e de quebra Carlos me convidou a tomar um vinho à noite.

Pouco antes das 10 desci e fui tomar o vinho e conversar com esse chileno de 37 anos, formado em gastronomia e hoje dono do hostel. Ele viveu na Suécia, pois quando tinha 12 anos seus pais, comunistas, foram exilados do Chile. Voltou à terra natal, mas saiu de Santiago para buscar uma vida mas em paz, mais pacata, e foi muito claro ao dizer que aqui é feliz. É lindo escutar isso.
Estive quase duas horas conversando com ele, bebemos um pouco e falamos sobre o Chile e o Brasil. Ele me fez quebrar minha promessa, ao me oferecer bombons artesanais chilotes, recheados de frutas silvestres, que já havia recusado no almoço, mas que agora não pude resistir.
Agora vou dormir e amanhã sigo a Puerto Varas, onde vou ficar na casa de um argentino que está criando uma organização social. Não coincidentemente - porque essas coisas não existem- , Mathieu (meu companheiro de caronas) o conheceu e disse que o cara é super gente boa.

Se o mundo é pequeno, o couchsurfing é uma pulga.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Castro, Chiloé

Saí ontem de manhã de Puerto Montt e peguei um ônibus até Castro, capital das Ilhas Chiloé.
Chiloé e um arquipélago no sul do Chile, e me interessou vir pra cá porque aqui tem um Parque Nacional que, de acordo com meu guia, é o lugar de onde se pode seguir de perto os passos de Darwin. Claro que isso não me diz muito respeito, mas como eu tomei a decisão de conhecer bem o Chile, resolvi passar pelos lugares que me pareciam mais interessantes.
Cheguei ontem a Castro e não tive vontade de fazer nada. Encontrei um hostel onde pago 6 mil pesos (barato, pois é baixa temporada), que se chama Hostel Entretenido. Peguei um quarto compartido mas onde, na verdade, só tem eu. O quarto tem duas camas, é um quarto super arrumadinho e com cobertores quentinhos, e eu não quis sair daqui pra fazer nada.
Passei o dia da internet, falei com algumas pessoas, escrevi, dormi, fiz depilação e só não pintei as unhas porque não trouxe esmalte.
No fim da tarde fui dar uma volta pela cidade. A arquitetura é interessante, mas eu já havia visto em Puerto Natales e em Puerto Montt. As casas não são construídas com tijolos, mas com madeira, e várias lembram estilo alemão. Em Chiloé as palafitas são famosos, e dando uma caminhada pela avenida costaneira eu pude ver vários, coloridinhos, com roseiras no jardim e barcos ao redor. Foi interessante.
Chiloé tem suas igrejas como patrimônio da humanidade, pois os espanhóis, quando aqui chegaram, construíram igrejas em cada pueblito, e elas são marcas daqui. Não são construções grandiosas e eu não entrei em nenhuma para ver o interior, mas são dignas de nota, sobretudo se consideramos o conjunto.


Ontem só fui caminhar por Castro e não achei grande coisa, mas tem seu charme por ser em uma ilha e ter outras ilhotas próximas.
Hoje não quis ir ao Parque Nacional com uma americana que está hospedada aqui. Não foi por causa dela, claro, eu simplesmente quis dormir até mais tarde (teria que acordar às 8). Acordei 12:30, tomei meu café da manhã sussegada e depois conversei com Sylvia, dona do hostel, sobre o que eu poderia fazer por aqui.
Por sugestão dela peguei um ônibus a Dalcahue, uma cidadezinha a 30 minutos de Castro, que tem uma paisagem bonita e balsas a outras ilhas. De Dalcahue peguei uma balsa, desci e caminhei uns dois quilômetros no acostamento da estrada que levava até umas vilinhas, a 10 km de distância. Andei tranquila, acompanhada ao longo do caminho por um viralata com quem conversava- em espanhol. Ao ver um ponto de ônibus parei, e logo peguei um a Anchao, onde não passei mais de 1 hora, mas comprei uma boina branca feita de lã de ovelha.
Voltei a Castro e descendo no terminal veio um cheiro forte de pipoca. Ontem eu já havia sentido esse cheiro e ficara com isso na cabeça. Fui até o mercado pra comprar pipoca de microondas mas não encontrei. Por sorte vendiam um saco de uns 200g de milho, e essa foi minha escolha.
Voltei pro albergue, tomei um banhão, estourei as pipocas e comecei a assistir um filme online. No momento estou esperando pra ver a continuação do filme (porque nesse site depois de 72 minutos você tem que esperar 60 (ou paga a versão premium, que não vem ao caso).
Acabo de ouvir os sinos da igreja (as 10 da noite), repicarem uma melodia super fofa.
Vou acabar de ver o filme, dormir, e amanhã, se conseguir acordar cedo, vou ao Parque.

domingo, 17 de abril de 2011

Renan

Sinto que essa criança que vem em breve ao mundo vai viver repleta de amor.
Não sou a mãe nem a tia e  infelizmente não posso acompanhar o crescimento desse menininho dentro da barriga da minha querida prima. Ainda assim, hoje pensei muito nele.
No início da tarde fui tomar um café com 4 dos franceses do barco, que partiam às 2 horas pra Pucon. Depois de me despedir deles caminhei um pouco pela avenida costaneira e parei em uma galeria de artesãos.
Estava escutando música no IPod, simplesmente observando o artesanato da região- e admirando.
Certo momento passei pela porta de uma lojinha e a artesã, que fazia crochet, me dirigiu a palavra.Como escutasse música, pedi que repetisse, e ela disse:"La felicito"
Agradeci, meio sem saber por que.
Ela puxou papo:
- Hablas español?
- Si.
-De donde eres?
- Yo (cho, com a pronuncia que adquiri no Uruguai), de Brasil
- Claro. Se nota.

A mulher falou que era claro que eu era brasileira pela minha roupa e meu jeito de caminhar.
Eu não estava de shortinhos. Vestia uma saia longa que me comprei em Buenos Aires, tecido  fininho, estampada e estilo envelope.

Elogiou meu estilo e me convidou a entrar na lojinha.Ela faz crochet com lã de ovelha, e tinha lindas sapatilhas de frio, de cores lindas, com material de qualidade.

Começou a falar, me olhava dentro dos olhos, e sentada numa banqueta, observando-a terminar um trabalho, fiquei convesando com Carmen por 3 horas.
Carmen- criadora de Cardonca exclusividades


A artesã me contou a história de sua vida, compartilhei algumas coisas minhas, e ouvi importantes lições de vida, que já estavam anotadas no meu caderno mental, mas que são sempre boas de recordar. Foi uma daquelas conversas da qual você sai sentindo que aprendeu alguma coisa.
Tomamos um chá, ouvindo música e vendo a chuva cair.
Depois das 3 horas tive que ir embora porque tinha muita fome, e nos despedimos com um abraço forte, coração com coração (um super 4, como diríam os Silvas do Leader Training).
Claro que antes de sair encomendei um par de sapatilhas para mim, e comprei outro pro Renan, que ao recebê-las deverá sentir todo o amor e a energia boa que aquela mulher transmite a seu trabalho e compartilha com o mundo.

Mala onda (não to falando de onda do mar :P)

Como de costume, a terceira madrugada passei com o pessoal no refeitório, bebendo, tocando música e conversando. Se juntou a nós um chileno que embarcou em Puerto Edén, uma vila no meio  do caminho.

Eu havia conversando com um senhor que estava indo a Puerto Edén, qeu vive aí, e ele me disse que lá vivem 120 pessooas. 120 pessoas! Um local onde só se chega de barco, não há hospital nem população jovem (pois aos 18 saem para cidades maiores). Fiquei chocada, mas o que passou posteriormente me chocou ainda mais.


Por volta das 2:30 da manhã, Paul, um inglês que estava sempre conosco, foi dormir. Um minuto depois de sair voltou porque havia esquecido sua jaqueta. Foi então que notou que sua câmera não estava em seu bolso, e que a capa estava no chão- vazia.

Uma breve recapitulação dos fatos nos levou a conclusão de que a camera havia  sido roubada, e que quem a roubara estava na nossa mesa, pois só restávamos nós ali. Éramos 9.

O navio contava com câmeras de segurança, e o chileno insistia para que falássemos com o capitão para que víssemos as gravações para achar o ladrão. Esse mesmo chileno se afetou muito com o fato e procurava por toda parte, abria a capa de sua própria câmera e mostrava que era dele, como se defendendo de algo que ninguém o estava acusando. Ao menos não verbalmente.

Paul, esse mesmo inglês, teve sua garrafa de vinho rouabada do refeitória algumas horas antes. Era uma garrafa barata, que comprara fora do navio, e por isso mesmo valia muito, pois uma garrafa no navio custava 9 mil pesos. Ele comentara o ocorrido e vimos esse chileno numa mesa próxima a nossa servindo um vinho cuja garrafa estava envolta em um saco plástico preto, e o servia debaixo da mesa.
Não podíamos acusá-lo nem do vinho nem da camera porque não tínhamos prova. Além do que, o cara se sentou na nossa mesa, fez a maior festa conosco, brindou e nos deu boas vindas ao Chile.
Mas o cara não era nada legal.
Depois de um tempo de buscas, quando já quase perdíamos a esperança de encontrar a câmera, Alexis de um repente se levantou e chegou perto do chileno, que estava de pé, procurando a câmera com os olhos.
E teve início a confusão.
Alexis se levantou e perguntou ao cara o que seria aquele volume em seu bolso traseiro. O cara disse que não era nada, e colocou o tal volume dentro de sua cueca. Alexis disse que viu que era uma camera, pois havia um furo no bolso do cara. Este, por sua vez, negou, ao que Alexis retrucou com firmeza que viu muito bem, enfiou a mão dentro da cueca do moço e tirou a câmera.
Aí a tínhamos: uma câmera digital Olympus encuecada, pertencente a Paul, que já sofria ao pensar em ter 3 meses de viagem perdidos por conta do memory card roubado.
Os meninos começaram a discutir, agarraram o ladrão pelo colarinho e perfuntaram o que estava fazendo a máquina do inglês dentro de sua cueca.  A resposta era óbvia, mas o cara, visivelmente nervoso e alterado, repetiu por minutos seguidos "no es mia, no es mia".
Que no es tuya ya sé, boludo!! Que haces con ella entonces?
Logo ficou claro que qualquer diálogo seria impossível. Ao invés disso, xingamentos, ameaças empurrões e tremores (esses, da minha parte).
Eu não conseguia controlar meu tremor. Quando a discussão começou me deu uma perto no coração, imediatamente senti uma energia carregada e muito muito negativa, e todo meu corpo tremia, minhas mãos estavam frias e eu tinha vontade de chorar.
A discussão durou algum tempo, não cairam na porrada, mas houve camisetas rasgadas.
Os franceses mandaram o cara dormir e lhe asseguraram de que no dia seguinte ele estaria encrencado, pois reportariam tudo ao capitão.
Depois de 5 minutos volta o sujeito, com outra camiseta, e chama Julien, com quem tinha se estranhado muito, para brigar fora. Foram todos, ouve uns tapas na cara de leve, muitos insultos, e ameaças da parte do "Rei de Puerto Montt", segundo quem estariam todos mortos quando desembarcassem.
Nesse momento subi à cabine do capitão e busquei o vigia noturno, expliquei a situação e ele foi tentar controlar.
Depois de alguns minutos o sujeito foi embora, voltamos para o refeitório, o vigia chamou o supervisor, explicamos tudo e o senhorzinho nos deixou tranquilos quanto a tomar uma providência quanto aquilo.

Depois de meia hora eu ainda tremia e sentia frio, o que no final das contas não foi tão ruim, pois me vi acolhida por braços franceses.

Algum tempo depois já estávamos todos conversando e fazendo piadas a respeito. A foto que segue abaixo foi tirada com a câmera de Paul, pouco após recuperada. Aí já tinha ido embora aquela vibe má, e ficamos até as 5 da manhã juntos, comendo e bebendo.



Julien, Camille, Vincent,Emily, Alexis, Paul, eu e Alex

A alvorada

Estar num navio por 3 dias pode não parecer muito interessante, sobretudo se esse navio não é um cruzeiro superchique com academia, balada e várias atividades a bordo.  Mas o Navimag é mor legal!
Embarcamos na noite de terça, embora só fôssemos atracar às 6 horas de quarta. Depois de embarcar fui até minha cabine, onde minha mochila já estava, deixei minhas coisas e saí para bater um papo com Alex, um americano que conheci na sala de espera. Subimos para o refeitório, onde já haviam algumas pessoas  acompanhadas de garrafas de vinho, cerveja, pisco e alguma coisa para petiscar.
Sentei  numa mesa cheia de franceses (nacionalidade de maior número no navio),  logo me enturmei e com eles fiquei conversando (em espanhol, porque não quis exibir meu excelente francês) até umas 2 da manhã, quando fui dormir .
Acordei às 7:30 da manhã pra tomar café e ver o amanhecer.










Para minha surpresa, tive um café da manhã como há muito tempo não tinha. Pão, manteiga, leite (com Nescau que eu ainda tinha), iogurte, fruta e queijo. Também foram servidos ovos mexidos, mas eu ainda não estou nesse nível.
No momento em que comprei meu ticket me perguntaram se eu era vegetariana, e disse que mais ou menos, e que comia peixe. Eu realmente estou evitando a carne, como já reportei, e a idéia de ter refeições preparadas para mim me encantou, e queria ter idéia de como seriam as refeições vegetarianas, para depois eu copiar.
Depois da reunião com o capitão fiquei um tempo observando a paisagem e depois voltei pro quarto e dormi até a hora do almoço.
Almocei (um salmão delicioso) e fiquei um tempo conversando com um francês que estava no meu hostel em Calafate, e pra minha surpresa o cara é dançarino de ritmos latinos – e não é gay, aparentemente.
Ficamos um tempão conversando sobre danças e música e a falta que dançar me faz naquele momento era latente. Imagina que em Sampa eu saía pra dançar no mínimo uma vez por semana, e desde que saí do Brasil que não danço – com exceção do francês forrozeiro de La Pedrera.
Escrevi um pouco e voltei pra cabine pra siesta (to começando a gostar da idéia) e acordei a  tempo de ouvir uma palestra sobre as geleiras.
Depois jantei e fiquei conversando com o grupo de franceses, acostumando meu ouvido àquela língua. Também rolou um violaozinho, através do qual eu compartilhei umas 3 músicas brasileiras (que é o que resta na minha memória). Minha voz não saía desde a casa do Pablito no Uruguai, mas acho que ainda levo algum jeito pra coisa, porque recebi elogios e aplausos  :) 
Paul, Emily, eu, Vincent, Camille, Alexis e Alex

eu e Richard, caminhoneiro boliviano muy buena onda!

Louis (alemão) no violão: aiaiaiaii, aiaiai amor, ai mi morena de mi corazón

franceses e eu


O pessoal foi dormir por volta das 3 e eu segui conversando com A. Nosso papo sobre viagens, filosofias de vida, trabalho, música e línguas levou algumas horas, motivo pelo qual as línguas francesas coçavam na manhã seguinte, sustentando rumores de que eu e ele teríamos ficado - o que é  absolutamente mentira.
Não ficamos, mas confesso que o moço me encantou. Não se preocupem, nada de paixões avassaladoras (ao menos não por enquanto :P)

sábado, 16 de abril de 2011

Navimag


Dia 50
Localização:  Mar
Estado: Chique


A desvantagem de não fazer um orçamento é... péra, deixa eu pensar... Ah, é: Deixar claro ao mundo todo que você é uma pessoa desorganizada e – para os olhos de alguns-  “cuca fresca”, como diria meu pai.
A vantagem é que não fazendo um orçamento eu tenho liberdade (essa, palavra chave pra mim, sobretudo na minha viagem) para fazer o que eu quiser, com a óbvia conseqüência, no entanto, de voltar pra casa mais cedo, caso esse “tudo que eu quiser” significar gastar mais dinheiro do que o esperado.
Eu saí do Brasil com uns 10 mil na poupança e um outro mil e meio na conta corrente. Minha idéia inicial era viajar por um ano, e o destino final seria o México. Agora eu já não sei.
Claro que com 12 mil reais eu não chegaria até o México, passando por todos os países da América Latina (ou quase todos), mas a idéia era parar em algum lugar e trabalhar por um tempo para continuar viajando.  Mas eu já mudei de idéia.
Ainda acho que não teria dificuldade de arranjar um emprego. Eu faria qualquer tipo de trabalho (ou QUASE qualquer tipo) para ganhar uma graninha, mas estar completamente livre no mundo, sem ter horários e obrigações é uma sensação muito boa, e eu quero desfrutar disso até quando puder. Hoje penso que se a grana acabar, volto pro Brasil e trabalho lá. Mas penso nisso HOJE (o sea... todo se puede cambiar).
Nesse “gastar mais dinheiro que o esperado” devo destacar minha decisão de pegar um navio de Puerto Natales (Chile) a Puero Montt (Chile também).
Magda, a espanhola que conheci no carnaval em La Pedrera, havia me recomendado essa viagem de navio. Depois mais 4 pessoas falaram que fizeram e gostaram, e decidi fazer, sobretudo depois que machuquei meu joelho e vi que daria o tempo certinho pra ver o Perito Moreno e voltar para pegar o navio, que sai sempre nas manhãs de quartas (embora o check-in seja nas noites de terça).
O custo para um leito num dormitório de 16 camas seria de 300 dólares. A princípio achei um pouco caro, mas depois mudei de idéia. Claro que é mais do que eu esperava gastar. A viagem dura 3 dias e 4 noites, ou seja, 100 dólares por dia, que é bem mais do que eu gasto normalmente.
No entanto, observei que era um bom negócio. Veja bem:
Viagem de Puerto Natales a Puerto Montt- aproximadamente 40.000 pesos chilenos
Quatro noites num albergue barato- 4x 7.000+ 28.000
Café da manhã, almoço e janta para 3 dias (comida boa) 3x 12.000= 36.000 
 

Assim, 104.000 pesos chilenos.

Eu acabei pagando 315 dólares, porque resolvi ficar num dormitório com 4 camas (350 dólares), e ganhei desconto de estudante (10%), e de acordo com a cotação do dia paguei 148.000, então a diferença foi muito pouca Se eu tivesse feito um orçamento, no entanto, eu provavelmente teria me privado disso.Minha cucafresquice me permitiu viajar por entre os fiordes patagônios (observe que chique).

Um breve PS para não me (e lhes) enganar: O navio é um navio de carga e passageiros, então há, além de eu, superchique, vacas amontoadas num container nos fundos do navio.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

What a wonderful world!

Hoje fiquei boquiaberta.


Desde o início da viagem já me deparei com paisagens incríveis, lugares memoráveis e cenas que nunca vou me esquecer (como a da mamãe pinguim protegendo seu ovo). Mas hoje eu tive a oportunidade de estar num lugar maravilhoso, onde pude comprovar a maestria com que a Natureza cria as coisas.

Glaciar Perito Moreno

Tomei um ônibus no terminal de El Calafate até o Parque dos Glaciares, que dista pouco mais de uma hora. Paguei o salgado preço de 90 pesos para tanto.
Não estava muito empolgada em pagar 100 pesos para entrar no Parque, mas na entrada tive uma boa surpresa: 70 pesos para residentes no Mercosul :)
Adoro minha brasileirice

Há diferentes opções para quem vai ao Parque. É possível caminhar sobre a geleira (ice trekking), fazer um passeio de barco até perto da geleira (50 pesos), e simplesmente caminhar pelas passarelas até os diversos mirantes, de onde se tem vistas incríveis do Perito Moreno.
De quando em quando se pode ouvir barulho de gelo quebrando, e se tiver sorte, um pedaço da geleira se quebra na sua frente, caindo no lago.




Não tenho muito o que escrever a respeito. Valeu a pena ter ido e eu iria de novo. É realmente de tirar o fôlego, algo que eu nunca imaginei ver na vida.
Coloco abaixo algumas fotos.
E viva o Mercosul!