Meu destino desfocado

Meu destino desfocado
América Latina

terça-feira, 31 de maio de 2011

Mi hogar atual

Resolvi postar algumas fotos do hostel onde estou morando e trabalhando. Por sorte, esse é um dos melhores hosteis onde já estive em minha vida.
Patio do hostel


Eu já estive em muitos hosteis durante esses três meses. O mínimo que espero de um é  água quente e ambiente limpo, e pasmem: nem sempre isso é possível.
Aqui no Pirwa eu tô numa vida boa, devo assumir. Como poderão ver nas fotos, há um patio, sala de TV com uma quantidade respeitável de DVDs, mesa de sinuca e pingpong (não que eu faça questão), bar, rede, e, mais importante: água quente e chuveiro bom! (Porque às vezes acontece de haver água quente e só cair um fiozinho de água, que não adianta muito).

sala de TV
Eu, como hóspede, estou muito satisfeita. Como parte da equipe, mais ainda. O dono do hostel é gente boa, a gerente mais ainda, e as meninas da recepção e da limpeza são umas fofas e me acolheram super bem. Na sexta esperam eu terminar o meu expediente para me levar pra balada-  de salsa, aqui todo mundo dança salsa. Ontem eu fiz brigadeiro pra elas e elas adoraram, e prometi pra Mirella, a chef do bar, que lhe ensinaria a fazer brigadeiro e beijinho e fazer pizza doce (porque ela faz umas pizzas deliciosas, mas só salgadas).
Meu local de trabalho
Da cidade de Cuzco mesmo ainda não conheci muita coisa. É o tipo de cidade que é gostoso simplesmente caminhar pelas ruas. É uma cidade, como disse um amigo, muito fotogênica-  construções coloniais e ruinas incas se combinam harmonicamente. Há algumas coisas pra fazer por aqui, mas eu tenho preferido ficar no hostel lendo e praticando violão (há dois aqui para uso dos hóspedes), conhecendo pessoas do que ficar perambulando. Mas é uma cidade muito agradável mesmo.
Agora eu sinto como se estivesse de férias, ainda que tenha que trabalhar à noite. Tenho todo o dia livre, e em momentos como esse, por exemplo, estou debaixo das cobertas vendo tv e usando a internet- nada mal.




sábado, 28 de maio de 2011

Dia do fico

"Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico"

Tá, capaz que não seja pra felicidade geral da Nação (e menos ainda da família que tem saudades de mim), nem para o bem de todos, mas é para o meu bem, então fico.

A confusão na fronteira Peru/Bolívia me obrigou a adiar minha ida àquele país onde já faz um frio absurdo e pra onde eu não querida demorar pra ir, pois nem chegou o inverno e já faz -pasmem- MENOS 15 graus. Imagine minha disposição pra passar frio, sendo que nem uma calça eu tenho...

Depois de meditações, reflexões e conversas, decidi continuar minha viagem, e aí as coisas começaram a acontecer. Eu não posso ir pra Bolívia e não quero continuar subindo o Peru sem antes ir pra lá, então, basicamente, tenho que esperar a reabertura da fronteira aqui em Cuzco- que é uma cidade linda, por sinal. Acontece que eu não queria ficar aqui simplesmente gastando dinheiro, então pedi trabalho voluntário em troca de comida e hospedagem no albergue Pariwana, onde estava hospedada. Pra essa semana eles não tinham necessidade, pois já tinham 3 ou 4 pessoas trabalhando nesse esquema. Mas não desisti.
Rachel, uma americana que conheci em Chiloé e reencontrei em Valparaíso estava aqui em Cuzco. Nos falamos por facebook e ela pediu que eu fosse vê-la em seu albergue, porque estava doentinha. Fui até seu albergue e pedi para chamá-la. Enquanto esperava na recepção, vi um flyer sobre a mesa, onde estava escrito que eram aceitos voluntários. Falei com Violeta, a pessoa responsável, e a primeira coisa que ela perguntou foi se eu falava inglês. Como eu tinha que mostrar o que eu tinha a oferecer, respondi: "inglês, português, espanhol e alemão". Ela ficou com cara de admirada, sorriu e disse que eu podia começar no dia seguinte.

O trato é trabalhar das 5 as 10 no bar do hostel. Nunca trabalhei em bar na minha vida, mal sei fazer uma caipirinha, mas tenho toda capacidade pra aprender. Ricardo, o responsável pelo bar, me ensinou tudo- desde acender as luzes, ligar a TV e colocar música, até como servir. Ontem foi meu primeiro dia, e felizmente (pra mim) não havia muito movimento.
Saí as 10, descansei um pouco e depois sai com as meninas que trabalham no hostel. Fomos encontrar Rachel, Hannah e Amber, que estavam desde as 9 num clube de salsa.
Entrei na balada e as aulas de salsa estavam chegando ao fim- e a galera já estava dançando loucamente. Naquele momento, como em cena de filme, tive um momento só meu e me veio uma certeza de que eu estou no lugar certo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

é.... acho que não vou pra Bolívia tão cedo...

Protestas en Puno: manifestantes tomaron entidades públicas y privadas

Pobladores apedrean bancos y hoteles que no se sujetan al paro. Ciudadanos tienen miedo de salir de sus casas
Jueves 26 de mayo de 2011 - 05:58 pm
Puno, Paro en Puno, Protestas en Puno
(Foto: Dante Piaggio)
Las protestas en contra de la concesión de la mina Santa Ana, en Puno se han recrudecido a tal punto el día de hoy que los manifestantes han tomado los locales de la Gobernación y de la Sunat.
Asimismo, según informó el enviado especial de El Comercio, Manuel Marticorena, han sido apedreados la Dirección Regional de Educación, los bancos y hoteles de la zona que no apoyan explícitamente al paro.
El ambiente de temor se vive en varios rincones de la zona, incluso los ciudadanos han tapado con tablones de madera las ventanas de sus casas por temor a represalias. La gran mayoría de turistas han decido abandonar el lugar y los locales lucen vacíos y con las luces apagadas.
Marticorena también informó que son más de 13.000 pobladores que se han unido a esta protesta de los cuales diariamente unos 40 son atendidos por enfermedades neumopulmonares en los hospitales de Puno y Yunguyo debido al frío intenso que se siente en la zona.
Desde las 2.00 p.m. autoridades del gobierno regional de Puno y de la municipalidad se reúnen en el local del Ministerio de Transporte y Comunicaciones con el fin de buscar una solución a las protestas.

oh, Duda cruel


Duda não é uma menina má.
Duda é dúvida em espanhol, e algo que na última semana tem habitado meu peito.
As pessoas com quem conversei desde o dia 17 devem ter notado minha incerteza e instabilidade - maior que a corriqueira.
Desde o nascimento do Renan eu fiquei um pouco abalada e em dúvida se queria ou não continuar viajando. O fato de ter perdido um momento muito importante da minha família foi algo que doeu um pouco em mim, mas, claro, já sabia que isso iria acontecer- só não sabia que iria me abalar tanto.
Depois de muito refletir e conversar com alguns amigos, decidi continuar viajando. O fato é que o Renan já nasceu e esse momento eu já perdi. Felizmente tenho o resto da vida dele pra conhecê-lo, e definitivamente não perderei o primeiro natal dele. Em dezembro pretendo estar em casa.
Ontem tomei minha decisão, que não foi fácil e implicou horas escrevendo meus sentimentos, meus planos e minhas limitações.
No fim do ano passado fiz um curso chamado Leader training, que é um curso de autoconhecimento e autodesenvolvimento. Nesse curso aprendi a traçar metas concretas e buscar recursos para colocá-las em ação. Bom...  a verdade é que apesar de eu ter aprendido isso, não estava colocando em prática. Como viajo sem roteiro, ficava um pouco complicado eu ter a meta de estar em tal lugar tal dia, e com o passar do tempo fui perdendo a convicção de onde queria chegar- tanto fisicamente quanto interiormente.
Como eu já esperava que esse momento pudesse ocorrer, trouxe comigo minha apostila do LT, e me pus a relê-la, o que me trouxe força e coragem para respirar fundo e assumir o meu quere- e eu quero, de fato, continuar viajando.
Nos momentos de dúvidas havia criado limitações ilusórias. A verdade é que eu não TENHO QUE voltar pro Brasil. Eu tenho a oportunidade (que não chamarei de sorte, porque foi uma oportunidade que eu mesma me dei) de estar onde estou, viajando, me enriquecendo culturalmente e conhecendo mais de mim. Não vou dizer que estou realizando o sonho da minha vida, pois viajar por um ano nunca foi um sonho, mas uma idéia recente, de um ano de idade, que fui amadurecendo até se tornar um plano concreto. Tendo essa oportunidade,  depois de meditar e refletir, me dei conta de que me arrependeria enormemente se voltasse sem um motivo real.  Nenhum dos argumentos que usei em minhas conversas internas para me convencer de que seria uma boa idéia era um argumento forte o suficiente. Saudades eu sinto, e continuarei sentindo, mas tenho que curti-la e superá-la.
A minha situação atual favorece esse tipo de experiência: Beiro os 25 anos, tenho ótima saúde, bom equilíbrio emocional (minha psicóloga uma vez me disse que não sabia por que eu estava fazendo terapia, pois eu me analiso e chego a conclusões sozinha), não tenho namorado (sem comentários), nem filhos, e meu emprego me permite trabalhar onde quer que seja- fora que para juntar uma grana eu faria outros tipos de trabalho. Assim, desperdiçar isso seria boludez. Por isso seguirei.
Eu havia dito pra minha mãe que voltaria no fim de junho- já tinha gente contando comigo pra festa junina. Enquanto eu tiver dinheiro continuarei viajando. Só que também não estou desesperada- estou hospedada num bom hostel (um pouco mais caro que os outros), como bem e não me dói se compro presentes às pessoas que amo- isso faz parte de mim. Dinheiro vem e vai, e para mim mais vale demonstrar meu carinho de longe e investir na demonstração do meu afeto do que fechar a mão só para eu viajar uns dias mais- por isso, vovó, trate de abrir espaço na sua parede pra pendurar um prato de Machu Picchu.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Huacachina

Huacachina realmente é um lugar muito agradável. Temperatura beirando (ou ultrapassando, yo que sé!) os 30 graus durante o dia, e não tão frio à noite.

 O restaurante que eu encontrei no dia anterior me causou uma impressão tão boa, que resolvi me mudar praquele albergue. Não só pelo restaurante e pelo wifi, mas porque era em frente à lagoa e porque o outro hostel não tinha água quente. Fiz o checkout depois de tomar um café da manhã super bom, e mudei de hostel. Também pela manhã agendei uma excursão pelas dunas, que foi uma das coisas mais divertidas que fiz durante a viagem: passeio de buggy pelas dunas e sandboard.

Sem brincadeira... O passeio de buggy era como uma montanha russa natural. Havia dunas super altas e o motorista (Jesus) fazia questão de ir nas mais emocionantes.

Paramos 4 vezes para fazer "sandboard". Na verdade, descemos de barriga, não em pé (coisa que eu jamais faria).
As dunas em que paramos eram gradativas. Descemos do buggy e quando eu olhei a duna que deveríamos descer minha fala foi  "nem F******". Mas depois de algumas pessoas irem e sobreviverem, me animei e fui. E FOI MUITO DIVERTIDO.
A segunda duna era maior e mais íngrime ainda. Respirei fundo e pensei "você consegue. não tem como se machucar". E fui. Na terceira eu já fui a segunda a descer e na quarta eu fui dando risada. Foi uma tarde muito gostosa, com um por do sol inesquecível.








terça-feira, 24 de maio de 2011

ICA?

Depois de uma viagem surpreendentemente agradável (gracias, empresa CIAL, com suas poltronas superconfortáveis e megareclináveis por 70 soles, mais serviço de bordo), cheguei a Ica.  O ônibus não para no terminal, mas na garagem da empresa, só para desembarcarem as poucas pessoas que ficam em Ica, e segue a Lima. O segurança da empresa falou que havia chamado um taxi pra mim, enquanto eu aproveitava o sinal de wifi (com a óbvia senha de 12345, que sempre tento e ás vezes funciona), e falava por skype com minha mamãe.
O taxi chegou e uma outra pessoa entrou comigo. Pedi pra ser levada a um hostel cujo endereço estava em meu guia, e os dois perguntaram: Mas você não vai pra Huacachinha? Claro que na hora eu não entendi o nome, e perguntei po rque eu deveria ir a Huacachina, e eles me explicaram que era um oasis no meio do deserto, só a 5 minutos de Ica. Acreditando nos bons ventos, me deixei levar.
O taxista me levou a um hostel chamado Casa de Arena, ao pé de umas dunas enormes, com piscina e um ambiente legal. Lá fiquei, troquei de roupa e fui tomar sol. Óbvio que eu não estava nem perto da praia, como imaginei que seria antes de sair de Ica, mas a piscininha fez seu trabalho e fiquei tostando no sol por algumas horas, tentando tirar a marca da blusa que usei quando fui a Machu Picchu.
Huacachina  

Saí pra almoçar e encontrei o restaurante de um hostel que servia uma comida boa (apesar de um pouco acima do preço para o Peru), e tinha wifi. Ali fiquei do almoço até a janta, subindo as fotos e atualizando o blog.
Os garçons eram muito divertidos (e xavequeiros), e me convidaram para sair pra dançar, afinal, era sábado à noite. Fui para o meu hostel tomar banho e tirar um cochilo- que durou até as 7 da manhã seguinte.

Pit stop em Cuzco

Na manhã seguinte fomos até o hostel buscar nossas coisas, e pra nosso quase desespero, a porta continuava fechada. Novamente, tocamos a campainha, batemos na porta e nada. Fomos tomar café da manhã em frente ao hostel, e enquanto esperávamos o nosso desayuno americano ficar pronto, Vincent continuou tentando- em vão.
Pouco antes do café da manhã ser servido, Vincent voltou e disse que havia uma outra pessoa querendo entrar no hostel pelo mesmo motivo que nós, e então foram falar com os policiais para ver se encontravam o dono. É um  vilarejo pequeno, e acreditamos que todos se conhecem. Não estávamos alterados nem nada, mas nos dirigirmos à polícia parecia a forma mais eficaz de localizar os donos que tinham ido a uma festa na noite anterior e fechado o hostel. Onde estavam de manhã, não sabemos, mas cada um com seus problemas, e todos têm direito de se divertir, não é mesmo?
Os meninos pegaram suas coisas, tomamos café, fizemos o checkout no hostel e fomos até o local de onde saem as vans para Cuzco. Depois de meia hora de espera, iniciamos a linda viagem de volta a Cuzco, onde chegamos pouco antes da 1 da tarde.
Chegando em Cuzco, fomos ao hostel onde tínhamos deixado nossas coisas, deixamos as mochilas enquanto fomos ao terminal de ônibus ver se havia passagem.
Os meninos iam pra Puerto Maldonado, na selva peruana, e eu decidi não ir com eles, pois queria um lugar mais quentinho, se fosse praia, melhor.
Chegamos à terminal e eu não sabia aonde ia. Tinha esquecido meu guia, diário de viagem e mapas no hostel, então fui na sorte: puxei da memória uma cidade que me havia sido sugerida por um colombiano que conheci em Calafate, e fui procurar passagem. A cidade: ICA
Para mim, ICA estava na costa, e eu fiquei feliz da vida em pensar em pegar uma corzinha deitada na praia, pois, afinal, desde o Uruguai que não entro no mar.
Eram 2 da tarde quando comprei a passagem, e o ônibus sairia às 3:30. Tinha tempo suficiente para voltar ao albergue, refazer minha mala e voltar pra terminal. E foi o que fiz. Num fôlego um pouco assoberbado pela incerteza se aquela era a decisão correta, me despedi dos meninos e fui pro terminal, munida de água e comida, para uma viagem que duraria 15 horas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A volta a Cusco


 
Resolvemos dormir em Águas Calientes porque não queríamos pegar o trem até Ollantaytambo, íamos buscar uma opção mais barata e diferente da nossa ida.
Almoçamos tarde e às 6 da tarde fomos fazer uma siesta- que durou até as 7 da manhã do dia seguinte. Os 3 acordaram às 2 da manhã, mas como não teríamos nada que fazer na cidade- nem onde comer-, continuamos a dormir.
Acordamos, tomamos um café da manhã caprichado, e fomos procurar alternativas baratas para sair de Águas Calientes. Optamos por tomar um trem até a hidrelétrica (12 soles) e de lá ir até Santa Tereza (10 soles), e só então de Santa Tereza a Ollantaytambo (20 soles). O trem nos custaria 35 dólares (96 soles). Tenho minhas dúvidas se não teria sido uma opção melhor.
Saímos de Águas Calientes ao 12:30 e só chegamos a Ollantaytambo às 7:30. A viagem de trem demoraria uma hora. Certo, a paisagem é linda. O caminho que os ônibus fazem passa por entre as montanhas, e vimos o entardecer da estrada, o que foi lindo. Mas não são, exatamente, ônibus, mas vans, e estava lotada, o que significou uma viagem apertada. Além disso, a estrada não é das melhores, e sobretudo havia trechos em obras. Foi um pouco demorado e desconfortável, e só não digo que valeu a pena pelo incidente em Santa Tereza.
Lembra que eu falei dos peruanos loucos que gritam no seu ouvindo vendendo o que têm? Bom... foi a gente descer da van em Santa Tereza (para almoçar e pegar outra van para Ollanta), que uma mulher parcialmente sem dente veio nos oferecer menu, para almoçar. Estávamos verdes de fome, e a fim de comer algo bom. Nossa idéia era caminhar um pouco pelo vilarejo e pesquisar preços para o almoço. A mulher nos ofereceu o menu a 4 soles. Perguntamos o que havia de menu, e ela disse que poderíamos escolher. Os meninos, que não podem ficar sem sobremesa, perguntaram se havia, e ela disse que sim, por um sol a mais (portanto, menu completo a 5 soles). Ela ficou tanto na nossa orelha e praticamente puxando nosso braço, que não nos deixava pensar, e cedemos.
Os restaurantes que oferecem menu geralmente têm as opções escritas numa lousa. Sentamos e logo veio uma sopa de verduras, e logo um prato com arroz e lentilhas com carne. Ok, a comida não estava ruim, mas a mulher havia dito que nós poderíamos escolher. Quem disse que eu gosto de lentilha? Quem disse que eu como carne, certo?
Os meninos são um mar de calmaria, comem de tudo e estavam felizes. Eu, nem tanto. Não gosto quando prometem uma coisa e dão outra.
Comemos, e como já havíamos antecipado, não tinha sobremesa. Aí os tranqüilos franceses se mudaram de cara. Ok, não tem sobremesa. Pedimos a conta e nos cobraram 5 cada um (quando nos haviam dito que o menu sem sobremesa era 4 soles).
Eu coloquei 4 soles, falei pros meninos colocarem 4 também,  e a garçonete foi falar pra cozinheira que a gente não queria pagar. Expliquei  que tinham nos vendido o menu sem sobremesa por 4 soles, então que ou nos davam sobremesa, ou pagávamos 5 soles. A cozinheira saiu toda afetada, falando que a mulher que nos acolheu na rua não trabalhava pra ela (o que não faz sentido algum), e que a gente tinha que pagar 5 soles, pois tínhamos comido bem. Eu fiquei tão puta da vida, que coloquei 4 soles e saí andando. Alexis, tranqüilo como um deserto, pagou o que faltava da minha parte, sem dar razão para a mulher.
A mesma mulher que nos havia levado àquele restaurante tinha dito que enquanto comíamos ia chamar uma van que nos levaria a Ollantaytambo por 15 soles. Quando saímos, nem quis olhar pra cara da mulher, de tão irritada que eu estava (observem que não era pelo dinheiro (que não chegava a 60 centavos de real), mas pela mentira. Mentira essa que se repetiu na van, que nos custou 20, não 15 soles. Foi uma confusão imensa, porque havia uma outra mulher vendendo as passagens, e ela falou que era 20 pra gente, mas que quem tava dentro tinha pagado 30, e que não devíamos comentar que pagaríamos menos. Aí o Vincent foi perguntar quanto tinham pagado... Ai, foi uma confusão que dá até preguiça de escrever. Fato foi que não tínhamos outra alternativa, e tivemos que pagar 20 soles.
A idéia era chegar em Ollantaytambo e tomar outra van a Cusco, pois não queríamos perder uma noite em Ollanta. Por que tínhamos que ir até lá e não direto a Cusco (que seria uma opção)? Porque os meninos haviam deixado malas no hostel, pois haviam comprado presentes e tinham muitas coisas que não precisavam levar a Machu Picchu.
Aconteceu algo inacreditável quando chegamos a Ollanta: O hostel estava fechado!
Pois é... fechado, portas trancadas, luzes apagadas. Tocamos a campainha, batemos na porta, perguntamos aos vizinhos e nada...
Decidimos, então, por falta de opção, tomar uma cerveja e esperar para ver se era algo rápido, sei lá. A espera nos deu a oportunidade de conhecer um bar super descolado bem em frente ao hostel, que tinha passado desapercebido.
Ficamos um tempo no bar, mas quando saimos o hostel continuava fechado, então o jeito foi dormir em um outro e esperar até a manhã seguinte

domingo, 22 de maio de 2011

Machu Picchu


Saímos de Ollantaytambo às 9 da noite de terça, num trem da Peru Rail (35 dólares) rumo a Águas Calientes, a vila mais próxima de Machu Picchu.
Descemos do trem às 11 da noite, bombardeados por locais que ofereciam hospedagem. Quando digo "bombardeados", é exatamente o que eu quero dizer. Os peruanos vêm pra cima de você gritando e te puxando pelo braço, oferecendo hospedagem. Se você já foi pra Porto Seguro provavelmente se lembra dos ambulantes que te vendem de tudo na praia, e dos folgados que pegam no teu braço pra fazer tatuagem de henna. Eleve isso ao cubo e terás uma idéia do que são os peruanos vendendo o que têm. Estávamos em 3 e não conseguíamos conversar pra chegar a um acordo, então nos deixamos levar por um deles, que nos ofereceu quarto com banheiro privado por 15 soles (R$ 8,78).
Logo quando entramos no quarto, Juan Carlos, cuja relação com o hostel não entendi, ofereceu seus serviços de  guia para a manhã seguinte e nos deu dicas de como fazer para comprar a passagem de ônibus até lá e o ticket de entrada.
Levantamos às 4:30 da manhã para chegar ao guichê onde se compra a entrada de Machu Picchu, em Águas Calientes. Juan Carlos nos tinha avisado que na porta do santuário não se vende entrada (!), e que tínhamos que comprar lá.
Enquanto Vincent ficava na fila esperando abrir o guichê pra comprar a entrada (126 soles-  R$73,82), eu e Alexis fomos comprar as passagens de ônibus (22 soles-R$ 12,89). Havíamos considerado subir caminhando (umas 2 horas de subida), mas resolvemos ir de ônibus e descer caminhando.
O ônibus nos deixou na entrada, e às 6 da manhã já havia uma fila enorme. Alguma demora par entrar por conta da quantidade de gente. Estávamos um pouco preocupados porque Juan Carlos havia dito que não era permitido levar comida nem bebida, o que foi reiterado pela placa na entrada. Como pensamos que íamos passar o dia todo lá, levamos alguma comida, masi de 4 litros de água e, claro, os franceses levaram uma garrafa e vinho. Felizmente ninguém nos revistou e pudemos entrar com tudo. Caso nos houvessem revistado, teríamos que deixar as coisas num guarda-volume fora.

Não tenho palavras pra descrever minha -ou melhor, nossa- emoção ao entrar. Como ainda era 6 da manhã, havia muita neblina, que dava um ar místico ás ruínas. Optamos por não irmos com guia, pois apesar de poder ser muito educativo, nem todos os guias conhecem bem o assunto tratado, e nenhum de nós três gostamos da idéia de ser guiados, ter o tempo controlado e etc.
Caminhamos pelas terraças de agricultura e logo encontramos Alycia, uma suiça que tanto eu quanto os meninos havíamso conhecido (em dias distintos) em Valparaíso (e eu, reencontrado em Santiago). Ela nos avisou que se quiséssemos subir a Wayna Picchu (montanha essa que se vê ao fundo das fotos clássicas de Machu Picchu), teríamos que ter um carimbo no nosso bilhete de entrada. Isso se deve ao fato de só ser permitida a entrada de 400 pessoas por dia, em 2 turnos de 200 (um às 7 e outro as 10 da manhã). Voltamos à entrada em vão, pois a pessoa encarregada de caribar já tinha ido pra entrada de Wayna Picchu, então nos dirigimos até lá.
Já passava das 7:30 da manhã e eu estava preocupada de já ter ultrapassado o limite permitido de pessoas. MInha preocupação, no entanto, não teve razão de ser. Eu fui a 39 pessoa a entrar. Não é necessário pagar nenhuma taxa adicional para subir, mas houve uma hesitação de minha parte porque havia uma placa que avisava que Wayna Picchu era adequada apenas às pessoas saudáveis e em boa forma física. Eu, sinceramente, me encontro em ótima saúde, mas tinha minhas dúvidas quanto à forma física. Mas resolvi arriscar.
Machu Picchu (lê-se Matchu Piktchu), significa Velha montanha, em Quechua. E Wayna, significa jovem.
Essa jovem montanha deu trabalho. A subida  foi mais fácil que da montanha em Ollantaytambo, pois era toda marcada, com escadas de pedra, mas foi uma subida bastante cansativa. A paisagem, no entando, compensava tudo. À medida que ia subindo, o céu foi se abrindo, e eu vi todas as montanhas do Vale Sagrado, Machu Picchu toda e o azul perfeito do céu que ia se apresentando aos poucos. Foi ideal termos começado a subir às 7:30, pois depois o sol fica muito forte.
Quando chegamos ao pico de Wayna Picchu já havia várias pessoas nas pedras. Reencontramos Camille e Camille (as francesas de San Pedro), e celebramos com uma garrafa de bom vinho chileno nossa presença naquele lugar fantástico. A idéia do vinho não foi tão inédita (dois argentinos viajando de moto também haviam levado uma boa botellita de vino argentino), mas foi motivo de zombaria das pessoas que estavam ao nosso redor, que estranharam beber vinho antes das 9 da manhã. Eu só brindei, pois sabia que tinha uma descida e um dia de caminhada a minha frente.
Ficamos aproximadamente uma hora curtindo a vista, e as 9:30 iniciamos a descida de Wayna Picchu. Continuamos andando por Machu Picchu, que já estava com bastante turistas, ficamos de ouvidos atentos às informações dos  trocentos guias que estavam por lá, mas, claro, não absorvemos muita coisa.
Depois de 6 horas subindo e descendo ruinas, saímos do santuário felizes da vida.
Há muitas coisas impressionantes em Machu Picchu. A localização é uma dela. A arquitetura, no entanto, é o que mais chama a atenção. Não posso imaginar como os incas levaram até aquela altura pedras tão grandes, que usaram pra contruir com precisão templos, cômodos para armazenar comida, fortalezas e postos de vigília. É realmente incrível.
Ficamos um tempo descansando do lado de fora, comemos pão com atum que tínhos levado e fomos ao banheiro, antes de começar a descida a pé até Aguas Calientes.
Os meninos foram correndo (não sei de onde tiram tanta energia), e eu, porque tenho um medo grande de cair e não via a necessidade de correr, fui caminhando pelos bosques, descendo a escadaria de pedra que me levou por um caminho de sombras até Águas Calientes.