Meu destino desfocado

Meu destino desfocado
América Latina

terça-feira, 31 de maio de 2011

Mi hogar atual

Resolvi postar algumas fotos do hostel onde estou morando e trabalhando. Por sorte, esse é um dos melhores hosteis onde já estive em minha vida.
Patio do hostel


Eu já estive em muitos hosteis durante esses três meses. O mínimo que espero de um é  água quente e ambiente limpo, e pasmem: nem sempre isso é possível.
Aqui no Pirwa eu tô numa vida boa, devo assumir. Como poderão ver nas fotos, há um patio, sala de TV com uma quantidade respeitável de DVDs, mesa de sinuca e pingpong (não que eu faça questão), bar, rede, e, mais importante: água quente e chuveiro bom! (Porque às vezes acontece de haver água quente e só cair um fiozinho de água, que não adianta muito).

sala de TV
Eu, como hóspede, estou muito satisfeita. Como parte da equipe, mais ainda. O dono do hostel é gente boa, a gerente mais ainda, e as meninas da recepção e da limpeza são umas fofas e me acolheram super bem. Na sexta esperam eu terminar o meu expediente para me levar pra balada-  de salsa, aqui todo mundo dança salsa. Ontem eu fiz brigadeiro pra elas e elas adoraram, e prometi pra Mirella, a chef do bar, que lhe ensinaria a fazer brigadeiro e beijinho e fazer pizza doce (porque ela faz umas pizzas deliciosas, mas só salgadas).
Meu local de trabalho
Da cidade de Cuzco mesmo ainda não conheci muita coisa. É o tipo de cidade que é gostoso simplesmente caminhar pelas ruas. É uma cidade, como disse um amigo, muito fotogênica-  construções coloniais e ruinas incas se combinam harmonicamente. Há algumas coisas pra fazer por aqui, mas eu tenho preferido ficar no hostel lendo e praticando violão (há dois aqui para uso dos hóspedes), conhecendo pessoas do que ficar perambulando. Mas é uma cidade muito agradável mesmo.
Agora eu sinto como se estivesse de férias, ainda que tenha que trabalhar à noite. Tenho todo o dia livre, e em momentos como esse, por exemplo, estou debaixo das cobertas vendo tv e usando a internet- nada mal.




sábado, 28 de maio de 2011

Dia do fico

"Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico"

Tá, capaz que não seja pra felicidade geral da Nação (e menos ainda da família que tem saudades de mim), nem para o bem de todos, mas é para o meu bem, então fico.

A confusão na fronteira Peru/Bolívia me obrigou a adiar minha ida àquele país onde já faz um frio absurdo e pra onde eu não querida demorar pra ir, pois nem chegou o inverno e já faz -pasmem- MENOS 15 graus. Imagine minha disposição pra passar frio, sendo que nem uma calça eu tenho...

Depois de meditações, reflexões e conversas, decidi continuar minha viagem, e aí as coisas começaram a acontecer. Eu não posso ir pra Bolívia e não quero continuar subindo o Peru sem antes ir pra lá, então, basicamente, tenho que esperar a reabertura da fronteira aqui em Cuzco- que é uma cidade linda, por sinal. Acontece que eu não queria ficar aqui simplesmente gastando dinheiro, então pedi trabalho voluntário em troca de comida e hospedagem no albergue Pariwana, onde estava hospedada. Pra essa semana eles não tinham necessidade, pois já tinham 3 ou 4 pessoas trabalhando nesse esquema. Mas não desisti.
Rachel, uma americana que conheci em Chiloé e reencontrei em Valparaíso estava aqui em Cuzco. Nos falamos por facebook e ela pediu que eu fosse vê-la em seu albergue, porque estava doentinha. Fui até seu albergue e pedi para chamá-la. Enquanto esperava na recepção, vi um flyer sobre a mesa, onde estava escrito que eram aceitos voluntários. Falei com Violeta, a pessoa responsável, e a primeira coisa que ela perguntou foi se eu falava inglês. Como eu tinha que mostrar o que eu tinha a oferecer, respondi: "inglês, português, espanhol e alemão". Ela ficou com cara de admirada, sorriu e disse que eu podia começar no dia seguinte.

O trato é trabalhar das 5 as 10 no bar do hostel. Nunca trabalhei em bar na minha vida, mal sei fazer uma caipirinha, mas tenho toda capacidade pra aprender. Ricardo, o responsável pelo bar, me ensinou tudo- desde acender as luzes, ligar a TV e colocar música, até como servir. Ontem foi meu primeiro dia, e felizmente (pra mim) não havia muito movimento.
Saí as 10, descansei um pouco e depois sai com as meninas que trabalham no hostel. Fomos encontrar Rachel, Hannah e Amber, que estavam desde as 9 num clube de salsa.
Entrei na balada e as aulas de salsa estavam chegando ao fim- e a galera já estava dançando loucamente. Naquele momento, como em cena de filme, tive um momento só meu e me veio uma certeza de que eu estou no lugar certo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

é.... acho que não vou pra Bolívia tão cedo...

Protestas en Puno: manifestantes tomaron entidades públicas y privadas

Pobladores apedrean bancos y hoteles que no se sujetan al paro. Ciudadanos tienen miedo de salir de sus casas
Jueves 26 de mayo de 2011 - 05:58 pm
Puno, Paro en Puno, Protestas en Puno
(Foto: Dante Piaggio)
Las protestas en contra de la concesión de la mina Santa Ana, en Puno se han recrudecido a tal punto el día de hoy que los manifestantes han tomado los locales de la Gobernación y de la Sunat.
Asimismo, según informó el enviado especial de El Comercio, Manuel Marticorena, han sido apedreados la Dirección Regional de Educación, los bancos y hoteles de la zona que no apoyan explícitamente al paro.
El ambiente de temor se vive en varios rincones de la zona, incluso los ciudadanos han tapado con tablones de madera las ventanas de sus casas por temor a represalias. La gran mayoría de turistas han decido abandonar el lugar y los locales lucen vacíos y con las luces apagadas.
Marticorena también informó que son más de 13.000 pobladores que se han unido a esta protesta de los cuales diariamente unos 40 son atendidos por enfermedades neumopulmonares en los hospitales de Puno y Yunguyo debido al frío intenso que se siente en la zona.
Desde las 2.00 p.m. autoridades del gobierno regional de Puno y de la municipalidad se reúnen en el local del Ministerio de Transporte y Comunicaciones con el fin de buscar una solución a las protestas.

oh, Duda cruel


Duda não é uma menina má.
Duda é dúvida em espanhol, e algo que na última semana tem habitado meu peito.
As pessoas com quem conversei desde o dia 17 devem ter notado minha incerteza e instabilidade - maior que a corriqueira.
Desde o nascimento do Renan eu fiquei um pouco abalada e em dúvida se queria ou não continuar viajando. O fato de ter perdido um momento muito importante da minha família foi algo que doeu um pouco em mim, mas, claro, já sabia que isso iria acontecer- só não sabia que iria me abalar tanto.
Depois de muito refletir e conversar com alguns amigos, decidi continuar viajando. O fato é que o Renan já nasceu e esse momento eu já perdi. Felizmente tenho o resto da vida dele pra conhecê-lo, e definitivamente não perderei o primeiro natal dele. Em dezembro pretendo estar em casa.
Ontem tomei minha decisão, que não foi fácil e implicou horas escrevendo meus sentimentos, meus planos e minhas limitações.
No fim do ano passado fiz um curso chamado Leader training, que é um curso de autoconhecimento e autodesenvolvimento. Nesse curso aprendi a traçar metas concretas e buscar recursos para colocá-las em ação. Bom...  a verdade é que apesar de eu ter aprendido isso, não estava colocando em prática. Como viajo sem roteiro, ficava um pouco complicado eu ter a meta de estar em tal lugar tal dia, e com o passar do tempo fui perdendo a convicção de onde queria chegar- tanto fisicamente quanto interiormente.
Como eu já esperava que esse momento pudesse ocorrer, trouxe comigo minha apostila do LT, e me pus a relê-la, o que me trouxe força e coragem para respirar fundo e assumir o meu quere- e eu quero, de fato, continuar viajando.
Nos momentos de dúvidas havia criado limitações ilusórias. A verdade é que eu não TENHO QUE voltar pro Brasil. Eu tenho a oportunidade (que não chamarei de sorte, porque foi uma oportunidade que eu mesma me dei) de estar onde estou, viajando, me enriquecendo culturalmente e conhecendo mais de mim. Não vou dizer que estou realizando o sonho da minha vida, pois viajar por um ano nunca foi um sonho, mas uma idéia recente, de um ano de idade, que fui amadurecendo até se tornar um plano concreto. Tendo essa oportunidade,  depois de meditar e refletir, me dei conta de que me arrependeria enormemente se voltasse sem um motivo real.  Nenhum dos argumentos que usei em minhas conversas internas para me convencer de que seria uma boa idéia era um argumento forte o suficiente. Saudades eu sinto, e continuarei sentindo, mas tenho que curti-la e superá-la.
A minha situação atual favorece esse tipo de experiência: Beiro os 25 anos, tenho ótima saúde, bom equilíbrio emocional (minha psicóloga uma vez me disse que não sabia por que eu estava fazendo terapia, pois eu me analiso e chego a conclusões sozinha), não tenho namorado (sem comentários), nem filhos, e meu emprego me permite trabalhar onde quer que seja- fora que para juntar uma grana eu faria outros tipos de trabalho. Assim, desperdiçar isso seria boludez. Por isso seguirei.
Eu havia dito pra minha mãe que voltaria no fim de junho- já tinha gente contando comigo pra festa junina. Enquanto eu tiver dinheiro continuarei viajando. Só que também não estou desesperada- estou hospedada num bom hostel (um pouco mais caro que os outros), como bem e não me dói se compro presentes às pessoas que amo- isso faz parte de mim. Dinheiro vem e vai, e para mim mais vale demonstrar meu carinho de longe e investir na demonstração do meu afeto do que fechar a mão só para eu viajar uns dias mais- por isso, vovó, trate de abrir espaço na sua parede pra pendurar um prato de Machu Picchu.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Huacachina

Huacachina realmente é um lugar muito agradável. Temperatura beirando (ou ultrapassando, yo que sé!) os 30 graus durante o dia, e não tão frio à noite.

 O restaurante que eu encontrei no dia anterior me causou uma impressão tão boa, que resolvi me mudar praquele albergue. Não só pelo restaurante e pelo wifi, mas porque era em frente à lagoa e porque o outro hostel não tinha água quente. Fiz o checkout depois de tomar um café da manhã super bom, e mudei de hostel. Também pela manhã agendei uma excursão pelas dunas, que foi uma das coisas mais divertidas que fiz durante a viagem: passeio de buggy pelas dunas e sandboard.

Sem brincadeira... O passeio de buggy era como uma montanha russa natural. Havia dunas super altas e o motorista (Jesus) fazia questão de ir nas mais emocionantes.

Paramos 4 vezes para fazer "sandboard". Na verdade, descemos de barriga, não em pé (coisa que eu jamais faria).
As dunas em que paramos eram gradativas. Descemos do buggy e quando eu olhei a duna que deveríamos descer minha fala foi  "nem F******". Mas depois de algumas pessoas irem e sobreviverem, me animei e fui. E FOI MUITO DIVERTIDO.
A segunda duna era maior e mais íngrime ainda. Respirei fundo e pensei "você consegue. não tem como se machucar". E fui. Na terceira eu já fui a segunda a descer e na quarta eu fui dando risada. Foi uma tarde muito gostosa, com um por do sol inesquecível.








terça-feira, 24 de maio de 2011

ICA?

Depois de uma viagem surpreendentemente agradável (gracias, empresa CIAL, com suas poltronas superconfortáveis e megareclináveis por 70 soles, mais serviço de bordo), cheguei a Ica.  O ônibus não para no terminal, mas na garagem da empresa, só para desembarcarem as poucas pessoas que ficam em Ica, e segue a Lima. O segurança da empresa falou que havia chamado um taxi pra mim, enquanto eu aproveitava o sinal de wifi (com a óbvia senha de 12345, que sempre tento e ás vezes funciona), e falava por skype com minha mamãe.
O taxi chegou e uma outra pessoa entrou comigo. Pedi pra ser levada a um hostel cujo endereço estava em meu guia, e os dois perguntaram: Mas você não vai pra Huacachinha? Claro que na hora eu não entendi o nome, e perguntei po rque eu deveria ir a Huacachina, e eles me explicaram que era um oasis no meio do deserto, só a 5 minutos de Ica. Acreditando nos bons ventos, me deixei levar.
O taxista me levou a um hostel chamado Casa de Arena, ao pé de umas dunas enormes, com piscina e um ambiente legal. Lá fiquei, troquei de roupa e fui tomar sol. Óbvio que eu não estava nem perto da praia, como imaginei que seria antes de sair de Ica, mas a piscininha fez seu trabalho e fiquei tostando no sol por algumas horas, tentando tirar a marca da blusa que usei quando fui a Machu Picchu.
Huacachina  

Saí pra almoçar e encontrei o restaurante de um hostel que servia uma comida boa (apesar de um pouco acima do preço para o Peru), e tinha wifi. Ali fiquei do almoço até a janta, subindo as fotos e atualizando o blog.
Os garçons eram muito divertidos (e xavequeiros), e me convidaram para sair pra dançar, afinal, era sábado à noite. Fui para o meu hostel tomar banho e tirar um cochilo- que durou até as 7 da manhã seguinte.

Pit stop em Cuzco

Na manhã seguinte fomos até o hostel buscar nossas coisas, e pra nosso quase desespero, a porta continuava fechada. Novamente, tocamos a campainha, batemos na porta e nada. Fomos tomar café da manhã em frente ao hostel, e enquanto esperávamos o nosso desayuno americano ficar pronto, Vincent continuou tentando- em vão.
Pouco antes do café da manhã ser servido, Vincent voltou e disse que havia uma outra pessoa querendo entrar no hostel pelo mesmo motivo que nós, e então foram falar com os policiais para ver se encontravam o dono. É um  vilarejo pequeno, e acreditamos que todos se conhecem. Não estávamos alterados nem nada, mas nos dirigirmos à polícia parecia a forma mais eficaz de localizar os donos que tinham ido a uma festa na noite anterior e fechado o hostel. Onde estavam de manhã, não sabemos, mas cada um com seus problemas, e todos têm direito de se divertir, não é mesmo?
Os meninos pegaram suas coisas, tomamos café, fizemos o checkout no hostel e fomos até o local de onde saem as vans para Cuzco. Depois de meia hora de espera, iniciamos a linda viagem de volta a Cuzco, onde chegamos pouco antes da 1 da tarde.
Chegando em Cuzco, fomos ao hostel onde tínhamos deixado nossas coisas, deixamos as mochilas enquanto fomos ao terminal de ônibus ver se havia passagem.
Os meninos iam pra Puerto Maldonado, na selva peruana, e eu decidi não ir com eles, pois queria um lugar mais quentinho, se fosse praia, melhor.
Chegamos à terminal e eu não sabia aonde ia. Tinha esquecido meu guia, diário de viagem e mapas no hostel, então fui na sorte: puxei da memória uma cidade que me havia sido sugerida por um colombiano que conheci em Calafate, e fui procurar passagem. A cidade: ICA
Para mim, ICA estava na costa, e eu fiquei feliz da vida em pensar em pegar uma corzinha deitada na praia, pois, afinal, desde o Uruguai que não entro no mar.
Eram 2 da tarde quando comprei a passagem, e o ônibus sairia às 3:30. Tinha tempo suficiente para voltar ao albergue, refazer minha mala e voltar pra terminal. E foi o que fiz. Num fôlego um pouco assoberbado pela incerteza se aquela era a decisão correta, me despedi dos meninos e fui pro terminal, munida de água e comida, para uma viagem que duraria 15 horas.